Diante do aumento de afastamentos por transtornos mentais, as empresas devem superar ações isoladas e promover um ambiente saudável rotineiramente.
O número de trabalhadores afastados por transtornos mentais aumentou 68% em 2024, conforme informações do Ministério da Previdência Social. Registrou-se um total de 472.328 casos, o maior índice da última década.
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O aumento indica o efeito direto das condições de trabalho no bem-estar emocional. Objetivos impossíveis, turnos desgastantes, a ausência de atenção e a falta de apoio psicológico geram um cenário de deterioração da saúde mental nas empresas do Brasil.
Para Rui Brandão, cofundador da Zenklub e vice-presidente de Saúde Mental da Conexa, o cuidado com a saúde emocional deve deixar de ser uma questão secundária. “Atualmente, o bem-estar não pode ser tratado como um assunto paralelo ao negócio. Ele precisa estar no centro das decisões, influenciando todos os rituais do dia a dia”, declara.
Segundo Brandão, é preciso reconsiderar as estruturas, as práticas e os vínculos existentes nas organizações. Ele identifica cinco vias para que as empresas incorporem o bem-estar psicológico à cultura organizacional de maneira sustentável.
É necessário criar um ambiente seguro para que as pessoas se expressem. Isso demanda treinamento em todos os níveis hierárquicos, visando promover a escuta atenta, a empatia e o feedback construtivo.
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A escuta ativa não deve ser vista como um ato passivo, mas sim como uma escolha intencional de cuidado que afeta diretamente a percepção das pessoas sobre a sensação de pertencimento e acolhimento, conforme explica Brandão.
Sem direção definida, líderes e colaboradores se sentem desprotegidos em situações de angústia emocional. A iniciativa visa atuar em três áreas:
Promoção da saúde (risco baixo): ações educativas, desenvolvimento da inteligência emocional e fortalecimento de lideranças.
Prevenção (risco médio): acesso simplificado a psicólogos e terapeutas por meio de programas organizados.
Mitigação (risgo elevado): suporte especializado, equipes de resposta a crises e acompanhamento psiquiátrico.
A ausência de coordenação constitui um fator de estresse constante. Assim, encontros regulares entre equipes e setores distintos auxiliam na definição de expectativas, no ajuste de metas e na reestruturação de solicitações. Essa prática diminui a insegurança e otimiza o ambiente interno.
Lideranças sem a devida preparação podem negligenciar indicadores relevantes de sobrecarga emocional. A responsabilidade pelo bem-estar não deve ser exclusivamente atribuída ao departamento de Recursos Humanos.
Uma liderança despreparada pode gerar altos custos. Ignorar sinais atualmente pode resultar em crises profundas no futuro, adverte Brandão. Ele recomenda a capacitação contínua em comunicação assertiva, escuta ativa e o encaminhamento adequado.
O contato próximo entre líder e liderado possibilita a identificação de sinais iniciais de sofrimento. Essas conversas devem ser realizadas com frequência e além das metas, abrangendo o bem-estar emocional.
Não faz sentido desenvolver um programa institucional se o líder não aderir à causa. Ele deve vivenciar essa cultura no cotidiano e atuar como um canal de escuta e orientação, ressalta o especialista.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.