Empreendedoras negras fortalecem articulações e reivindicam ações governamentais no Julgamento das Pretas
A dimensão internacional e as ações no Brasil evidenciam desigualdades, estimulam oportunidades de negócios e fortalecem estratégias de resiliência econ…

Em 25 de julho, o “Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha” será comemorado com eventos e reflexões em vários países da região. A data reconhece a importância política, social e econômica das mulheres negras, em territórios que abrangem mais de 200 milhões de afrodescendentes, conforme a Associação de Mulheres Afro.
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No Brasil, a Marcha das Pretas, criada pelo Instituto Odara em 2013, mobiliza. O tema deste ano – Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver – articula ações em defesa de transformações nas políticas públicas, no sistema econômico e nas relações raciais.
Assim, ações que apoiam a empreendedora negra recebem maior destaque, notadamente em um contexto de disparidade de renda e escassez de oportunidades no mercado de trabalho tradicional.
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Mulheres negras ocupam cerca de 40% dos cargos de liderança empresarial.
Segundo informações do Sebrae, 47% das empreendedoras do país são negras. Contudo, a desigualdade de renda ainda se mantém.
O estudo “A força do empreendedorismo feminino” revela que mulheres negras têm, em média, uma renda de R$ 1.539 por mês. Isso corresponde a R$ 259 a menos do que homens negros, R$ 766 inferior ao valor pago a mulheres brancas e R$ 1.200 abaixo do recebido por homens brancos.
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O estudo aponta que essa situação reforça a desigualdade estrutural no empreendedorismo e restringe as chances de desenvolvimento de empresas conduzidas por mulheres negras.
Movimento afrocentrado estabelece rede para inserção no mercado formal.
A empresária Cynthia Paixão é fundadora da loja colaborativa Afrocentrados Conceito, situada no Shopping Bela Vista. O espaço reúne aproximadamente 100 marcas lideradas por empreendedores negros.
Cynthia também coordena os projetos Ayô Circuito AfroColab, Vila AfroJunina e Afrodonas. Todos visam incorporar essas empresárias ao calendário comercial e diminuir o isolamento que elas experimentam no ambiente de negócios.
A falta de crédito, de mentorias e de políticas públicas intensifica vulnerabilidades, afirma Cynthia. Ao encaminhar essas mulheres para ambientes formais, promove-se a expansão da circulação econômica e a construção de redes de apoio.
A escassez econômica estimula o desenvolvimento de negócios.
Um relatório da McKinsey & Company, intitulado “Building supportive ecosystems for Black-owned US businesses”, destaca que mulheres negras empreendem mais por necessidade do que por oportunidade.
Cynthia afirma que essa observação também se aplica à realidade brasileira. “Sem apoio técnico, rede de contatos ou incentivo financeiro, o risco é que essas mulheres continuem invisíveis mesmo dentro do mercado.”
Para ela, o Julho das Pretas e o Dia da Mulher Negra são mais do que celebrações. Essas datas são plataformas de reivindicação e visibilidade. Se o poder público não responde, seguimos articulando nossas ações e ocupando espaços.
Estratégia busca impacto econômico contínuo.
O Afrocentrados Conceito opera além da simples venda. A ideia é construir um ecossistema de negócios que assegure visibilidade, rentabilidade e prestígio para as empreendedoras afro.
O objetivo é associar essas mulheres a padrões de consumo mais abrangentes. Não somente em ocasiões marcantes, mas durante todo o ano, afirma Cynthia.
A atuação em rede visa eliminar a sazonalidade e desenvolver novas maneiras de inserção econômica. Para Cynthia, a loja atua como um centro de formação, incentivo e apresentação estratégica no varejo.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.