Embaixada dos EUA retorna carta de Trump e nomeia novo representante

Embaixador encarregado de negócios esteve no Itamaraty duas vezes no mesmo dia, após o governo considerar o conteúdo do comunicado ofensivo.

10/07/2025 1:23

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Venezuelanos residentes em Brasília protestam, em frente ao Itamatary, contra o presidente Nicolás Maduro e o resultado das eleições realizada no domingo (28.jul). Maduro se autoproclamou presidente da Venezuela pelo 3º mandato consecutivo depois de o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) declarar que ele foi eleito no domingo (28.jul) com 51,2% dos votos (5.150.092), contra 44% (4.445.978) do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitaria Democrática, centro-direita). O assessor especial para política externa do Palácio do Planalto, Celso Amorim, e o Itamaraty afirmaram na 2ª feira (29.jul) que o Brasil aguarda a publicação do resultado oficial das eleições na Venezuela pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral). | Sérgio Lima/Poder360 01.ago.2024
Venezuelanos residentes em Brasília protestam, em frente ao Itam...

O Ministério das Relações Exteriores convocou, pela segunda vez na quarta-feira (9.jul.2025), o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para novas explicações sobre a declaração do presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano). O Itamaraty buscava confirmar a veracidade do comunicado em que Trump anunciou uma taxa adicional de 50% ao mercado brasileiro.

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Escobar se dirigiu à sede da diplomacia brasileira no início da noite de quarta-feira. A secretária de Europa e América do Norte, a embaixadora Maria Luisa Escorel, questionou Escobar se o texto direcionado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgado em redes sociais era genuíno, considerando que o governo brasileiro ainda não o havia recebido oficialmente.

O encarregado confirmou a veracidade do documento.

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Escorl então informou a Escobar que o Brasil estava devolvendo a carta, por considerá-la ofensiva, com informações inverídicas e erros factuais sobre a relação comercial entre os dois países.

O representante norte-americano já havia comparecido ao Itamaraty no início da tarde de quarta-feira para fornecer esclarecimentos sobre um comunicado anterior, também emitido por Trump, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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O presidente americano declarou no texto anterior que Bolsonaro sofre perseguição por parte da Justiça e da oposição, classificando os processos contra ele como uma “caça às bruxas”. Solicitou ainda que “deixassem Bolsonaro em paz”.

Na carta de quarta-feira, Trump justifica o aumento das tarifas alegando que se deve ao tratamento que o governo brasileiro dispensou a Bolsonaro, afirmando respeitar “profundamente”.

“A maneira como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”. “Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, completou Trump.

A partir de 1º de agosto de 2025, as tarifas de 50% se aplicarão a todos os produtos brasileiros destinados aos Estados Unidos.

Trump afirmou que o governo dos EUA concluiu a necessidade de romper com a relação de longa data e injusta originada pela política tarifária de barreiras comerciais do Brasil. Segundo o presidente norte-americano, as taxas cobradas dos EUA não são recíprocas com o país sul-americano. Declarou ser preciso corrigir as “graves injustiças do regime atual”. Complementou: “Por favor, compreenda que o número de 50% é muito menor do que o necessário para termos a igualdade de condições que precisamos com o seu país”.

O republicano afirmou que, caso o presidente brasileiro eleve as tarifas de retaliação, haverá um aumento de igual proporção aos 50% divulgados na quarta-feira.

“Essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e barreiras comerciais do Brasil, que causam esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos”, declarou Trump.

O presidente dos Estados Unidos declarou que o déficit comercial representa uma ameaça à segurança nacional do país. No entanto, dados do Mdic indicam que a relação é deficitária para o Brasil e superavitária para os Estados Unidos desde 2009.

O presidente Trump solicitou que o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, iniciasse uma investigação contra o Brasil devido às “contínuas atividades de comércio digital de empresas norte-americanas”.

Fonte por: Poder 360

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.