O Museu Nacional da República, em Brasília (DF), receberá o 2º Encontro Nacional da Rede MultiAtores MUDE com Elas nesta quinta-feira (24). A iniciativa faz parte da programação do Festival Latinidades e aborda os desafios enfrentados por jovens negras no mercado de trabalho.
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O evento ocorrerá das 9h às 17h30, com discussões sobre cuidado, justiça climática, direito ao futuro e violações estruturais nas relações profissionais.
Conforme Winnie Santos, coordenadora da Área de Trabalho do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), a falta de mulheres negras em cargos de liderança não é um acaso, sendo resultado de uma estrutura histórica de exclusão.
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Historicamente, a mulher negra é colocada no mercado de trabalho em condições de precariedade e subalternidade. Isso alimenta uma estrutura que permite que outros grupos – homens brancos, mulheres brancas, homens negros – ocupem posições com retorno financeiro mais qualificado.
No Distrito Federal, aproximadamente 100 mil mulheres negras em idade economicamente ativas estão desempregadas, conforme dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego regional (PED-DF). Para Santos, é urgente combater a noção equivocada de que essas mulheres não possuem as qualificações necessárias. “Apesar do aumento no número de mulheres negras qualificadas, persiste a crença de que certas ocupações são destinadas a nós”, lamenta.
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A pesquisadora ressalta o papel crucial das empresas e instituições públicas na mudança dessa situação. “É preciso uma busca ativa e real por essas pessoas, pois elas estão aqui. Também é necessário reconhecer que existe discriminação. Mesmo que não haja nenhuma placa dizendo ‘pessoas negras não são bem-vindas’, os dados mostram que elas não estão presentes”, afirma.
Santos defende políticas públicas e compromissos institucionais concretos com a equidade. “As mulheres negras precisam estar em cargos de liderança. Se não estão, é porque há um motivo. E as instituições precisam se enxergar como parte disso”, reforça.
O evento reúne representantes de ministérios como Igualdade Racial, Direitos Humanos e Trabalho, além de jovens lideranças negras, organizações da sociedade civil e universidades. A programação é aberta ao público, com atividades ao longo do dia.
“Estamos em festa, mas também construindo crítica e transformação. Essa é uma discussão fundamental para pensarmos uma sociedade mais justa, mais igualitária, não só para as mulheres negras, mas para todas as pessoas”, conclui Santos.
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Fonte por: Brasil de Fato