Eleições presidenciais na Bolívia: Rodrigo Paz enfrenta Jorge “Tuto” Quiroga na disputa decisiva

A disputa eleitoral contará com o senador centrista Rodrigo Paz enfrentando o ex-presidente conservador Jorge “Tuto” Quiroga.

17/10/2025 14:03

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(Imagem de reprodução da internet).

Bolívia realiza segundo turno da eleição presidencial

A Bolívia realizará o segundo turno da eleição presidencial no próximo domingo (19). A disputa será entre o senador centrista Rodrigo Paz e o ex-presidente conservador Jorge “Tuto” Quiroga.

O primeiro turno, que ocorreu em 17 de agosto, foi um golpe significativo para o partido MAS (Movimento ao Socialismo), que tem dominado a política boliviana por quase 20 anos.

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A principal preocupação dos eleitores é a fragilidade da economia. Com a queda das exportações de gás natural, a inflação alcançou níveis recordes e a escassez de combustível também impactou o país.

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O novo presidente tomará posse em 8 de novembro.

Impactos da eleição na política boliviana

Independentemente do vencedor, o novo mandato presidencial marcará o fim da liderança do MAS, que governa quase ininterruptamente desde 2005. O partido foi fundado pelo ex-presidente Evo Morales, um ícone da esquerda latino-americana.

O segundo turno coloca Rodrigo Paz frente a Jorge “Tuto” Quiroga. Ambos os candidatos buscam reverter aspectos do modelo estatal da era MAS, mas têm abordagens diferentes para isso.

Além disso, ambos se comprometeram a melhorar as relações com os Estados Unidos, após quase duas décadas de governos socialistas que se alinharam mais com a Rússia, China e Irã.

Assim, são esperadas mudanças no modelo econômico da Bolívia, que enfrenta sua pior crise econômica em décadas, com inflação, escassez de combustível e queda nas receitas estatais.

Novas regras para a votação

O tribunal eleitoral da Bolívia implementou um novo sistema este ano, em resposta a alegações de fraude após a eleição presidencial de 2019, que resultou em agitação e na renúncia de Morales.

Com o novo sistema, as cédulas de apuração dos votos serão fotografadas nas seções eleitorais e enviadas diretamente aos centros de apuração. Observadores internacionais da União Europeia e da Organização dos Estados Americanos acompanharão o processo.

As urnas abrirão às 8h e fecharão às 16h, no horário local (9h e 17h de Brasília). O tribunal planeja divulgar 80% dos resultados preliminares na noite da eleição, com os resultados oficiais sendo anunciados em até sete dias.

Perfis dos candidatos à presidência

A disputa parece acirrada, conforme indicam as pesquisas de opinião. Jorge Quiroga, de 65 anos, conservador e ex-presidente de 2001 a 2002, está ligeiramente à frente.

Seu companheiro de chapa é Juan Pablo Velasco, um executivo de tecnologia, que reforça a mensagem pró-negócios do partido. A plataforma de Quiroga inclui a expansão do livre comércio e a restauração dos direitos de propriedade privada.

Rodrigo Paz, de 58 anos, filho de um ex-presidente boliviano, é o candidato centrista. Seu companheiro de chapa, Edman Lara, ex-capitão da polícia e ativista nas redes sociais, tem atraído apoio de eleitores mais jovens.

As principais propostas de Paz incluem a descentralização do governo e o incentivo ao crescimento do setor privado, mantendo os programas sociais. Ele superou as expectativas ao vencer o primeiro turno com 32% dos votos, enquanto Quiroga obteve 27%.

Produção de lítio e expectativas para o futuro

A Bolívia possui a maior reserva mundial de lítio, um metal essencial para baterias, mas enfrenta dificuldades para aumentar a produção e desenvolver reservas comercialmente viáveis.

Empresas russas e chinesas estão entre as poucas que avançaram com propostas de desenvolvimento, mas os negócios enfrentaram bloqueios legislativos devido a disputas políticas internas.

Investidores esperam que o vencedor da eleição de domingo flexibilize as regulamentações e melhore o acesso aos depósitos de lítio, que permanecem em grande parte inexplorados.

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.