O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro (PL), está colaborando com autoridades da Casa Branca para possibilitar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de ações contra o ex-presidente.

O jornal The Washington Post divulgou a informação nesta quinta-feira (17), com base em relatos de quatro fontes próximas ao caso.

Eduardo tem exercido pressão sobre o governo dos Estados Unidos para que Alexandre de Moraes seja incluído na lista de sanções da Lei Magnitsky – mecanismo que possibilita a responsabilização de autoridades estrangeiras envolvidas em violações de direitos humanos ou corrupção. A implementação desse plano aumentaria a tensão diplomática entre Brasil e EUA.

Eduardo declarou, em vídeo gravado em frente à Casa Branca e divulgado nas redes sociais na quarta-feira (16), que “as coisas estão acontecendo neste exato momento” e que “decisões estão sendo tomadas” em relação às sanções.

Ao lado estava o jornalista Paulo Figueiredo, acusado de envolvimento na tentativa de golpe, que propôs a ampliação das sanções para apoiadores de Moraes.

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De acordo com a imprensa americana, membros da administração Trump avaliam medidas restritivas há semanas. Duas fontes informaram ter examinado um rascunho da ordem sancionatória, que foi vetado pelo Departamento do Tesouro.

O Departamento do Tesouro, responsável por impor sanções, se oporia àquela decisão. Um dirigente de alto escalão do Departamento de Estado declarou ao veículo de comunicação que sancionar um juiz do Supremo Tribunal seria “extremamente prejudicial à credibilidade dos Estados Unidos na promoção da democracia”.

A escalada da postura de Eduardo Bolsonaro ocorre em cenário de tensão nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Na semana anterior, o presidente Donald Trump implementou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, em reação ao que ele descreveu como “ataques arbitrários” a Bolsonaro. Em contrapartida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considerou as críticas como “infundadas” e assegurou uma resposta econômica adequada.

O The Washington Post aponta que Eduardo Bolsonaro atua como elo direto entre a Casa Branca e forças políticas brasileiras. Segundo Figueiredo, ele e o deputado já visitaram a Casa Branca “mais do que posso contar” e apresentaram relatórios a dezenas de congressistas americanos para pressionar contra Moraes.

O ministro do STF, por sua vez, passou a ser alvo recorrente da direita brasileira devido à sua atuação contra a desinformação e ao seu papel em investigações sobre ataques à democracia. Ele já determinou a suspensão de plataformas como X (anteriormente Twitter) e Rumble em razão do descumprimento de decisões judiciais.

A campanha internacional contra Moraes, contudo, encontra resistência até mesmo entre aliados de Trump. Fontes ouvidas pelo Post demonstraram preocupação de que Eduardo esteja oferecendo conselhos que podem prejudicar seriamente a relação bilateral. “As pessoas acham que o Trump tem uma chave de fenda no bolso, mas, na verdade, saca um martelo”, disse uma fonte.

A CNN tentou contato com Eduardo Bolsonaro para se manifestar sobre a reportagem do Post, porém ainda não obteve resposta.

Fonte por: CNN Brasil