Ecossistemas de manguezais impedem perdas de 53 bilhões de dólares em enchentes, aponta pesquisa

A edição de 2024 do relatório “A Mudança da Riqueza das Nações” do Banco Mundial apresenta uma avaliação surpreendente: os manguezais fornecem US$ 855 bilhões em serviços de proteção contra inundações em escala global.

Diante das mudanças climáticas, com a ocorrência crescente de eventos extremos, como tempestades e aumento do nível do mar, a proteção das áreas costeiras emergiu como uma necessidade urgente para os países litorâneos.

As obras de defesa costeira implementadas pelos governos costumam incluir estruturas artificiais e rígidas, tais como diques, quebra-mares e muros de contenção, destinados a impedir ou regular o avanço das águas.

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Contudo, o estudo do Banco Mundial (com pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos EUA) demonstrou que ecossistemas naturais, como os manguezais, fornecem uma proteção tão (ou mais) eficaz.

A pesquisa demonstra a importância dos manguezais como defesas naturais contra inundações, evidenciando a contribuição desses ecossistemas costeiros para a resiliência.

Além da função de proteção das comunidades litorâneas globalmente, esses ativos de capital natural proporcionam benefícios ambientais complementares e um suporte para as economias nacionais.

Avaliação de manguezais como ativos de proteção costeira.

Os manguezais são reconhecidos pelo Banco Mundial como ativos de proteção costeira, desde a publicação de 2021 do relatório “A Mudança da Riqueza das Nações”.

A nova pesquisa, coordenada por Pelayo Menéndez, integra os dados globais de 2020 às análises prévias, oferecendo uma compreensão mais detalhada do papel de proteção dos manguezais em diferentes períodos.

A equipe analisou “florestas de manguezais em 121 países, cobrindo 700 mil quilômetros de litorais subtropicais”, conforme comunicado de imprensa.

A combinação de fatores, como o crescimento populacional, o aumento da riqueza e o aumento das tempestades costeiras, está elevando drasticamente o valor dos manguezais para a redução de riscos de inundações.

Essa cifra cresceu em 130 bilhões de dólares entre 1996 e 2010, e, na década seguinte, as vantagens dos manguezais nos próximos cem anos ascenderam a mais 502 bilhões de dólares.

A notícia positiva é que, apesar de algumas quedas (decorrentes da criação de camarão e do desenvolvimento costeiro), a cobertura global de manguezais se manteve elevada, conforme sua importância se tornou mais evidente.

“Os resultados são claros”, resume Menendez. “Eles oferecem proteção econômica às comunidades costeiras e apoiam a riqueza nacional ao preservar vidas, meios de subsistência e infraestrutura”.

A relevância de investir na conservação de manguezais.

A pesquisa atribui valores trilionários aos manguezais, reconhecendo sua significativa importância, embora muitas vezes intangível, nos serviços ecossistêmicos naturais.

A avaliação atual dos serviços de proteção contra inundações proporcionados pelos manguezais é de US$ 855 bilhões, representando os benefícios oferecidos por essa infraestrutura natural nos próximos 100 anos.

Os países que mais se beneficiaram desses serviços foram Vietnã, Bangladesh, Índia, China e Camarões, com seus manguezais nativos protegendo anualmente centenas de milhares de pessoas.

No entanto, na Malásia, Mianmar e Taiwan, essa vantagem natural proporcionada pelos manguezais foi abandonada, sobretudo devido a atividades humanas e transformações ambientais.

O estudo presente é relevante, considerando o momento crítico que se verifica em diversos países que buscam soluções acessíveis e sustentáveis para o aumento dos riscos climáticos.

Consiste em uma avaliação realista, viável e persuasiva, para que governos compreendam o retorno inestimável de investir na conservação e restauração de seus manguezais.

Conclui Michael Beck, o coautor, que “Proteger e restaurar manguezais não é bom apenas para o meio ambiente — é uma escolha econômica inteligente”.

Recuperação de florestas pode impulsionar o crescimento econômico, indica estudo.

Fonte por: CNN Brasil