Economistas analisam regra fiscal de Lula e alertam sobre desafios e aumento da dívida pública
Economistas analisam a regra fiscal do governo Lula, destacando limitações nas despesas discricionárias e desafios para equilibrar as contas públicas até 2027.
Análise da Regra Fiscal do Governo Lula
De acordo com os economistas Samuel Pessoa, Fábio Serrano e Mansueto Almeida, a regra fiscal implementada pelo governo Lula estabelece uma limitação estrutural às despesas discricionárias. Essas despesas, que são controladas pelo Executivo, têm perdido espaço no Orçamento a cada ano.
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O desafio reside no fato de que o arcabouço fiscal restringe o crescimento real dessas despesas a 2,5% ao ano.
Enquanto isso, a maior parte dos gastos obrigatórios cresce a taxas superiores, diminuindo a proporção das despesas discricionárias no total. Os economistas publicaram suas considerações em um blog do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
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Estimativas de Espaço Fiscal
Os especialistas estimam que, no próximo ano, após considerar os gastos obrigatórios, como os pisos constitucionais de saúde e educação, emendas parlamentares e o mínimo necessário para a manutenção da máquina pública, o espaço livre será de apenas R$ 4 bilhões.
Para 2027, a previsão é de que haja uma falta de R$ 9 bilhões em espaço fiscal.
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Essa projeção já leva em conta um aumento de R$ 12 bilhões nas despesas públicas, decorrente do julgamento do STF sobre o salário-maternidade. No artigo, os economistas ressaltam que as medidas de arrecadação implementadas pelo Ministério da Fazenda elevaram a receita líquida do governo para 18,9% do PIB.
Desafios Fiscais e Crescimento das Despesas
Esse patamar é superior ao registrado na segunda gestão de Lula, quando as contas públicas apresentavam superávit primário. Contudo, mesmo com essa arrecadação, o governo Lula 3 não consegue equilibrar as contas, devido ao crescimento contínuo das despesas primárias.
Os economistas afirmam que o descompasso entre receita e gastos impede o retorno ao superávit e a estabilização da dívida. Eles destacam que o ajuste das despesas primárias federais requer mudanças nas regras de indexação do gasto público e nos critérios de concessão de benefícios sociais.
Aumento do Gasto Público
Um levantamento no artigo revela que o gasto primário no Brasil aumentou de 15,9% do PIB em 2002 para 19,1% do PIB em 2025. Nos últimos 23 anos, o gasto público primário cresceu 3,2 pontos percentuais. Segundo os economistas, mais da metade desse aumento se deve a três fatores: envelhecimento populacional, regras amplas na Previdência e programas sociais, além da indexação automática de benefícios.
A outra metade da expansão é atribuída à criação e ampliação de programas como o Bolsa Família e ao aumento das emendas parlamentares. A participação das despesas com funções sociais no gasto primário federal subiu de 52% em 2002 para uma estimativa de 72% ao final de 2025.
Impacto na Dívida Pública
Os especialistas calculam que, durante o governo Lula, a dívida pública aumentará 11% do PIB, passando de 71,7% para 82,2%. Eles alertam que é improvável que a economia suporte uma nova elevação de mais de 10 pontos percentuais na dívida pública.
Assim, será necessário realizar um ajuste fiscal no próximo governo.
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.












