Os combatentes drusos recuperaram o controle da cidade de Sweida, no sul da Síria, no sábado (19.jul.2025), no mesmo dia em que o governo sírio anunciou um cessar-fogo para tentar conter a violência que ceifou a vida de 940 pessoas em menos de uma semana, conforme informações do OSDH (Observatório Sírio de Direitos Humanos).

Bassem Fajr, porta-voz do Movimento dos Homens Dignos, uma das principais facções armadas drusas, confirmou à AFP que “não há mais beduínos na cidade” após a contraofensiva. Apesar do anúncio oficial de trégua, confrontos persistiram em outras áreas da província durante todo o sábado.

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O conflito intensificou-se quando o governo sírio deslocou tropas na terça-feira (15.jul.2025) para Sweida, região anteriormente controlada por druzas, sob a alegação de restabelecer a ordem. As forças foram removidas após Israel realizar ataques a alvos governamentais em Damasco, exercendo pressão militar sobre o regime sírio.

Os confrontos, que envolveram drusas contra beduínos e membros de forças tribais sunitas, começaram em 13 de julho.

A comunidade drusa, uma minoria esotérica originária do Islã xiita, sofreu em particular.

Em um dos distritos de Suei, a AFP observou combatentes das Forças Tribais abrirem fogo com armas automáticas contra seus oponentes.

Desde 13 de julho, as vítimas registradas pelo OSDH totalizaram 588, sendo 326 combatentes e 262 civis. Adicionalmente, 312 eram membros das Forças governamentais e 21 eram beduínos sunitas. A violência resultou no deslocamento de cerca de 87.000 pessoas, segundo dados da OIM (Organização Internacional de Migrações).

Os drusos são um grupo étnico e religioso que reside principalmente em regiões do Levante, como Síria, Líbano e Israel. Eles praticam uma religião monoteísta própria, diferenciada do Islã, com crenças restritas a membros originais. Já os beduínos são povos nômades ou seminômades tradicionalmente do deserto, presentes em diversos países árabes, reconhecidos por seu estilo de vida baseado no pastoreio e em uma forte estrutura tribal.

O portal local Suwayda24 informou sobre combates acirrados em Ariqa, mesmo após o anúncio do cessar-fogo “imediato” das autoridades sírias na manhã de sábado (19.jul.2025).

O ministro da Informação sírio, Hamza Mustafa, admitiu no sábado à noite que o cessar-fogo é “fragilizado” e explicou que a primeira fase de implementação começou com “o deslocamento das Forças de Segurança para a província de Sweida”, mas não para a cidade em si.

A segunda fase do acordo prevê a criação de corredores humanitários entre Suwayda e a província vizinha de Daraa, a oeste, “com o objetivo de assegurar a evacuação de civis e feridos”. Os Estados Unidos anunciaram um acordo de cessar-fogo entre a Síria e Israel na noite de quinta-feira (18.jul.2025), visando evitar novos ataques israelenses, e solicitaram aos “drusos, beduínos e sunitas que abandonem as armas”.

O OSDH, testemunhas e grupos drusos acusavam as Forças governamentais destacadas em Sweida de combaterem junto aos beduínos e de praticarem crimes contra a população local.

Fonte por: Poder 360