DoxiPEP: compreenda a “pílula do dia seguinte” para sífilis e seus perigos

O uso de antibióticos após a exposição diminuiu os casos de infecções sexualmente transmissíveis, contudo, essa prática provoca discussões acerca do ris…

25/08/2025 16:08

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DoxiPEP: compreenda a “pílula do dia seguinte” para sífilis e seus perigos
(Imagem de reprodução da internet).

O uso da doxiciclina após relações sexuais desprotegidas tem se tornado mais comum como forma de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A estratégia, chamada DoxiPEP, é considerada um “analgésico de uso imediato” para evitar a sífilis. Apesar de estudos preliminares demonstrarem sua eficácia contra algumas ISTs de origem bacteriana, o método também suscita preocupações sobre o risco de aumentar a resistência a antibióticos e a frequência de relações sem proteção entre seus usuários.

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Em estudos de 2024, a DoxiPEP obteve uma diminuição de 70% nos casos de clamídia e sífilis e de 50% na gonorreia em voluntários que já utilizavam PrEP, a profilaxia pré-exposição do HIV, que eram prioritários nas pesquisas, considerando que os grupos de risco para ambas as doenças frequentemente se sobrepõem. A DoxiPEP é administrada por meio de um protocolo que envolve a ingestão de 200 mg de doxiciclina em um intervalo de até 72 horas após a exposição sexual de risco.

A estratégia, contudo, não é um consenso. A infectologista Fernanda Pedrosa Torres, do Einstein Hospital Israelita em Goiânia, afirma que o uso preventivo do antibiótico continua sendo debatido entre médicos e, mesmo se for aprovado pelos órgãos reguladores brasileiros, deve ser adotado apenas por um público de maior risco de exposição e complicações.

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Nos Estados Unidos, o CDC (Centros para Controle e Prevenção de Doenças) permite a prescrição para homens que fazem sexo com homens ou mulheres trans que apresentaram diagnóstico de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) como sífilis, clamídia ou gonorreia nos últimos 12 meses. Não há recomendação de uso para a população em geral, segundo Torres.

As ações em nível local visam diminuir a ocorrência de sífilis, que tem apresentado crescimento global e no Brasil. Entre 2021 e o presente ano, o número de novos casos tem aumentado aproximadamente 11% ao ano no país. De acordo com o último boletim publicado pelo Ministério da Saúde, em 2024 foram detectados 113 casos de sífilis adquirida para cada 100 mil habitantes, o maior volume da década.

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O uso da DoxiPEP já tem sido realizado por alguns pacientes, principalmente da comunidade LGBTQIAPN+, porém de maneira não autorizada, sem recomendação na bula. Ainda não existe uma diretriz nacional – nem de sociedades médicas, nem do governo – sobre essa prática.

Na última data de 15 de agosto, o Ministério da Saúde promoveu um chamado público para coletar relatos de pacientes que utilizam ou já utilizaram o medicamento. A consulta ficou disponível até segunda-feira (25) e as informações serão analisadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) em relação à possível implementação da DoxiPEP no SUS.

Riscos do uso

De acordo com Torres, as evidências que sustentam a DoxiPEP ainda são preliminares e é necessário analisar o risco-benefício da prática em contato direto com o paciente. “A doxiciclina já é utilizada de maneira contínua para profilaxia de algumas doenças, como a malária, e, nesses casos, não apresentou aumento do crescimento da resistência bacteriana”. Em outras palavras, existem dados positivos e se espera que eles se confirmem em novos estudos, afirma a médica.

A infectologista Gisele Cristina Gosuen, coordenadora do Comitê de Comorbidades da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), também destaca que os resultados da aplicação de DoxiPEP são promissores, porém necessitam de avaliação mais aprofundada antes de serem considerados como estratégia preventiva. Segundo ela, o tema tem sido amplamente debatido na SBI para que se possa elaborar uma recomendação brasileira que oriente seu uso e o público que pode se beneficiar dele.

O principal risco associado à DoxiPEP ainda é o desenvolvimento de resistência bacteriana, afirma Gosuen. Segundo ela, certos casos de gonorreia, por exemplo, parecem desenvolver cepas de maior resistência com a prática. Contudo, ainda não há estudos que evidenciem resistência em casos de sífilis, clamídia e micoplasma, o que é bastante positivo.

Apesar de sua eficácia, o uso da doxiciclina deve ser monitorado devido aos seus efeitos colaterais. Alterações gastrointestinais, como náuseas e diarreia, sensibilidade à luz e dor articular e muscular são frequentemente observadas após seu uso.

Fernanda Torres afirma que alguns estudos experimentais indicam taxas de interrupção do tratamento em torno de 20% dos voluntários devido a esses sintomas. “Tudo isso deve ser avaliado, mas também é um antibiótico que deve ser usado em dose única, após avaliação de riscos, então é difícil mensurar os impactos porque seria um uso muito personalizado e esporádico”, analisa a médica do Einstein.

É importante ressaltar que, caso aprovada para esse tipo de profilaxia, a DoxiPEP faria parte de uma prevenção combinada. “Nada disso é para que se abandone o uso de preservativo, ao contrário, nossa intenção é que utilizemos o máximo de estratégias preventivas em conjunto, como a PrEP para o HIV, a realização periódica de exames de saúde, tudo em conjunto”, conclui.

Estudo: PrEP injetável apresenta maior adesão que medicação oral.

Fonte por: CNN Brasil

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