Dormir bem reduz risco de doenças cardíacas e metabólicas, aponta estudo nos EUA
Análise nos EUA revela que a qualidade do sono está diretamente ligada à gravidade de doenças cardíacas, renais e metabólicas.
Pessoas que dormem bem têm menos risco de estar em estágios avançados da Síndrome Cardiovascular-Renal-Metabólica (SCRM)
Um estudo publicado no Journal of the American Heart Association revelou uma correlação entre a qualidade do sono e o estágio da Síndrome Cardiovascular-Renal-Metabólica (SCRM). A pesquisa, que analisou dados de mais de 10 mil adultos com idade média de 49 anos nos Estados Unidos, não estabeleceu causalidade, mas ressalta que uma noite mal dormida pode ser um fator de risco independente para hipertensão, diabetes, doenças renais e cardiovasculares. A neurologista Leticia Azevedo Soster, especialista em Medicina do Sono do Einstein Hospital Israelita, alerta que “uma noite maldormida não é só reflexo de má saúde, mas também um fator de risco independente para hipertensão, diabetes, doenças renais e cardiovasculares. Isso inclui o que a gente chama de desfechos duros, como óbito ou eventos cardiovasculares graves.”
Fatores de Sono e Impacto na Progressão da SCRM
Dormir mal pode agravar fatores cardiovasculares e metabólicos, tornando tratamentos menos eficazes e dificultando o controle da pressão arterial. A especialista Soster afirma que “alguns estudos de coorte mostram que pessoas que dormem pouco ou têm o sono muito fragmentado têm maior risco de um manejo clínico mais difícil”. Ela dá como exemplo a hipertensão, onde “não é a apneia do sono que está determinando a hipertensão, mas o sono ruim que faz o tratamento ser mais refratário”.
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Índice de Sono Saudável e seus Parâmetros
O estudo utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos EUA (2015-2020) para criar um índice de sono saudável, avaliando cinco parâmetros: duração, dificuldade para dormir, sonolência diurna excessiva, ronco frequente e noctúria (levantar-se várias vezes à noite para urinar). Cada característica foi pontuada como de baixo ou alto risco, compondo uma escala que classificou os indivíduos em três grupos: alta, moderada ou baixa qualidade de sono. Pessoas com sono de alta qualidade apresentaram risco 45% menor de estar nos estágios avançados da SCRM.
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Diferenças Populacionais e Intervenções de Saúde Pública
A análise por grupos populacionais revelou diferenças importantes: a associação entre boa qualidade do sono e menor risco de agravamento da SCRM foi ainda mais forte em negros não hispânicos e asiáticos não hispânicos. Isso sugere que vulnerabilidades sociais e genéticas podem intensificar o impacto do sono na progressão da doença, indicando a necessidade de intervenções de saúde pública focadas nessas populações.
Desafios no Brasil e a Importância da Qualidade do Sono
Dezenas de milhões de brasileiros têm noites maldormidas recorrentes, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 do IBGE, que revelam que 18,6% dos adultos no Brasil relatam problemas frequentes para dormir. Essa realidade, somada a fatores como longos deslocamentos urbanos, baixa qualidade do transporte público e violência urbana, dificulta que as pessoas tenham uma boa qualidade de sono. A especialista Soster enfatiza que “melhorar a qualidade do sono não é apenas uma questão de disciplina individual, mas também de fatores sociais”.
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.