Don L critica a violência policial e a censura no Brasil, destacando a brutalidade em sua gestão e a importância da resistência cultural e musical
O rapper e compositor Don L lamentou, nesta terça-feira (28), a violência que marca a história do estado, considerada uma das mais letais do país. Ele afirmou que “o governador está fazendo uma campanha política à custa de sangue de favelado”.
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Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, o artista se emocionou ao abordar a brutalidade policial durante a gestão de Cláudio Castro (PL).
“Evitei ver muitas imagens porque essa exposição da nossa dor toda hora também já não comove mais ninguém. Só traz mais sofrimento para nós”, declarou. Don L também comentou sobre os fuzis apreendidos, afirmando que “vão voltar para lá” e questionou quem realmente se beneficia dessa situação.
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Para o rapper, a violência nas favelas reflete uma “perda da sensibilidade” da sociedade e faz parte de um “projeto de dessensibilização”. Ele também falou sobre seu novo disco, lançado em junho, que mantém a força política de seus trabalhos anteriores, mas com uma sonoridade mais leve e dançante.
“A música não serve só a um momento. Eu gosto de fazer músicas complexas, que têm várias camadas”, afirmou. Don L acredita que a política está presente em todas as formas de arte, mesmo em canções românticas, onde se propõe um sonho que não depende de riqueza.
O artista avaliou que os músicos enfrentam uma nova forma de censura, “pior do que a ditadura militar”, por ser disfarçada. “Agora eles encontraram um método muito mais eficiente: financiar alguns e desfinanciar outros”, apontou, ressaltando que isso faz parte de um projeto global de controle da cultura.
Don L, que foi um dos primeiros artistas brasileiros a bloquear suas músicas em Israel em apoio à Palestina, destacou que “os artistas têm medo por um motivo; não é sem motivo, não”. Apesar disso, ele acredita na resistência: “Por mais que eles queiram nos exterminar, vamos sobreviver”.
Nordestino, Don L enfatizou a importância de valorizar as expressões culturais do Norte e Nordeste. “Tem muita coisa no Brasil que teve grande produção, mas não teve grande escoamento”, disse. Ele revelou que seu álbum Caro Vapor II foi produzido apenas com samples de artistas brasileiros, buscando afirmar a originalidade do rap nacional.
“Eu queria que não tivesse nenhum resquício gringo, usar só o método do hip hop para reverenciar os antigos”, explicou. Ao final da entrevista, o rapper se desculpou pela emoção ao falar sobre os impactos da megaoperação policial no Rio de Janeiro, expressando esperança de que o país possa aprender e superar essas dificuldades no futuro.
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.