Dólar cai com expectativas de corte de juros nos EUA e tensões comerciais; Fed pode afrouxar política monetária
Fed indica possível flexibilização monetária, enquanto valorização do euro e tensões nos EUA afetam o dólar.
Queda do Dólar e Expectativas de Corte nas Taxas de Juros
O índice do dólar (DXY) apresentou uma queda de 0,3% nesta quarta-feira, 15, revertendo parte dos ganhos recentes. Essa movimentação ocorre após declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que reforçaram as expectativas de cortes nas taxas de juros até o final do ano.
A desvalorização da moeda americana também é influenciada pela valorização do euro, pela queda nas taxas dos títulos franceses e pelos efeitos contínuos da paralisação do governo dos Estados Unidos. Assim, o mercado passou a considerar com 97% de probabilidade um corte de -0,25 ponto percentual na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) agendada para os dias 28 e 29 de outubro.
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Oscilações do Dólar no Brasil
No Brasil, o dólar apresentou oscilações significativas ao longo da semana. Na segunda-feira, 13, a moeda caiu 0,75%, alcançando R$ 5,462, após declarações conciliatórias do presidente Donald Trump sobre a China. Já na terça-feira, 14, houve uma leve alta de 0,19%, encerrando o dia a R$ 5,47, após ter atingido a máxima de R$ 5,52 pela manhã.
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Esse movimento reflete a reaceleração das tensões comerciais entre EUA e China, intensificadas por críticas do secretário do Tesouro, Scott Bessent, à postura de Pequim. As declarações de Powell também indicam fraqueza no mercado de trabalho americano, impactando as decisões sobre juros e o câmbio.
Tom Brando de Powell e Expectativas de Corte
No discurso de terça-feira, Powell apontou que o mercado de trabalho americano continua desaquecido e que o banco central pode encerrar o aperto quantitativo em breve. Essa fala teve um impacto direto no mercado cambial e nos juros futuros.
“Riscos à economia persistem e a inflação permanece sob controle”, afirmou Powell, sinalizando que o Fed está aberto a novos cortes até o final do ano. Dados da LSEG indicam que os investidores esperam dois cortes até dezembro e mais três ao longo de 2026, totalizando cerca de 48 pontos-base de afrouxamento monetário.
Fortalecimento do Euro e Trégua Política na França
O euro (EUR/USD) subiu 0,3% e se manteve acima de US$ 1,16, impulsionado pela proposta do primeiro-ministro francês, Sebastien Lecornu, de adiar a reforma da Previdência até 2027. Essa medida atendeu a demandas do Partido Socialista, que retirou apoio ao voto de desconfiança previsto para esta quinta-feira.
A decisão acalmou os mercados e fortaleceu a moeda única, mesmo em meio à volatilidade política na União Europeia. Com a melhora na governabilidade, os títulos franceses ganharam força, e o rendimento dos papéis de 10 anos caiu para 3,37%, o menor nível desde agosto.
Avanço do Iene e Instabilidade Política no Japão
O iene (USD/JPY) subiu 0,4%, favorecido pela busca por ativos de proteção em meio à crescente instabilidade no governo japonês. A eleição de Sanae Takaichi como nova líder do Partido Liberal Democrata resultou na dissolução da coalizão com o partido Komeito, dificultando a aprovação de medidas fiscais e orçamentárias.
O fortalecimento do iene também foi impulsionado por declarações do ministro das Finanças, que afirmou que o governo “acompanha de perto” oscilações excessivas no câmbio e pode intervir, se necessário.
Alta dos Metais Preciosos em Meio a Incertezas Globais
O ouro e a prata encerraram o dia em alta. O contrato de dezembro do ouro (GCZ25) subiu 0,74%, alcançando uma nova máxima histórica ao ultrapassar a marca de US$ 4.200 por onça no mercado à vista.
A valorização dos metais é sustentada por incertezas geopolíticas, a escalada da guerra comercial entre EUA e China, e a expectativa de novos cortes de juros nos EUA. Fundos de investimento estão ampliando suas posições em ETFs de ouro e prata, com os estoques atingindo máximas de três anos.
Pressão no Comércio Global com Novas Sanções
A tensão entre Estados Unidos e China aumentou após Pequim sancionar cinco unidades da Hanwha Ocean Co., uma empresa sul-coreana com atuação nos EUA. Em resposta, o governo americano anunciou tarifas de 100% sobre produtos chineses e novas cobranças portuárias.
Mais de 80% do comércio global depende do transporte marítimo, e essas restrições afetam diretamente o fluxo de mercadorias internacionais. A inflação na China continua em trajetória deflacionária, com os preços ao consumidor recuando mais do que o esperado em setembro, e os preços ao produtor acumulando o terceiro ano seguido de queda.
Cotações às 5h25, horário de Brasília
- Índice DXY: 98,545 (-0,3%)
- EUR/USD: 1,1637 (+0,3%)
- USD/JPY: 151,30 (-0,4%)
- USD/CNY: 7,1263 (-0,2%)
- Ouro à vista: US$ 4.208 por onça
- Petróleo Brent: US$ 62,27 (-0,2%)
Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.