Doca da Penha, principal líder do Comando Vermelho em liberdade, escapa de operação no Rio. Recompensa de R$ 100 mil busca sua captura. Operação Contenção mata 117 criminosos e 4 policiais
Doca Alves Andrade, conhecido como Doca da Penha ou Urso, é considerado o principal nome do Comando Vermelho (CV) em liberdade. Apenas Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP, ambos presos, o sucederam em importância dentro da facção. A operação policial, deflagrada na terça-feira (28.out.2025) nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, visava o líder da organização.
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O governo estadual oferece uma recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à sua captura, o maior valor oferecido desde 2000, quando a mesma quantia foi prometida por Fernandinho Beira-Mar.
Doca, com 55 anos, possui mais de 20 mandados de prisão em seu nome e está sob investigação por mais de 100 homicídios. A operação policial, denominada Contenção, revelou que Doca utilizou criminosos armados como escudo contra a aproximação da polícia, uma estratégia comum para evitar sua captura.
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Victor Santos, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, destacou que essa tática é utilizada pela liderança do CV, especialmente a de Doca, para proteger seus “soldados”.
A megaoperação resultou na morte de 117 criminosos e de 4 policiais, sendo a mais letal da história do país. Durante a operação, Doca conseguiu escapar da Vila Cruzeiro, onde estava preso, utilizando a proteção de indivíduos armados. A operação também revelou que Doca exerce forte influência nas decisões estratégicas da facção e que controlava recursos e coordenava ataques em áreas da zona norte.
Doca foi apontado como mandante do assassinato de três médicos na Barra da Tijuca em outubro de 2023. As vítimas participavam de um congresso e foram confundidas com milicianos. Após o crime, Doca ordenou a execução dos assassinos, ao descobrir o erro de identificação.
Ele também é investigado por envolvimento no caso dos três meninos desaparecidos em Belford Roxo em dezembro de 2020. Segundo as investigações, o grupo teria torturado e matado as crianças por um desentendimento banal e Doca mandou executar os próprios subordinados responsáveis pelas mortes.
Os corpos dos garotos e dos executores nunca foram encontrados.
Doca nasceu em 1970, possivelmente em Caiçara —há divergências sobre se o município fica na Paraíba ou no Rio Grande do Sul. Ele entrou para o crime há cerca de 20 anos e foi preso em flagrante em 2007 por porte de arma e tráfico de drogas na Vila da Penha. À época, afirmou ser militar.
Depois de progredir para o regime semiaberto, fugiu e passou a ocupar posição de comando no CV. A operação Contenção revelou que Doca também foi citado em investigações da Polícia Federal sobre o deputado estadual (MDB-RJ), o TH Joias, em setembro.
O deputado é acusado de intermediar armas e lavar dinheiro do tráfico por meio da venda de joias e bens de luxo.
Durante a operação, foram presos 113 suspeitos, sendo que cerca de 40% não são do Rio de Janeiro. Os estados envolvidos incluem Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Paraíba, Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo. A operação resultou na morte de 117 criminosos e de 4 policiais, sendo a mais letal da história do país.
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Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.