Roberto Padovani analisa a divisão na política monetária do Federal Reserve e elogia a condução do Banco Central brasileiro, destacando incertezas e desafios
O debate sobre a política monetária do Federal Reserve está marcado por incertezas técnicas e uma “grande ansiedade política”, conforme destacou Roberto Padovani, economista-chefe do BV, em entrevista ao Capital Insights nesta quinta-feira (25). Mesmo em um cenário desafiador, as taxas de juros nos Estados Unidos permanecem acima dos níveis historicamente baixos, gerando desconforto entre os cidadãos norte-americanos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A pressão política tem levado o Banco Central dos EUA a considerar a redução das taxas de juros. Padovani observa que os dirigentes do Fed estão divididos entre a análise técnica, que questiona o nível atual das taxas, e as demandas políticas.
Fatores como um impulso fiscal promovido pelo presidente, a inflação e um potencial crescimento econômico são interpretados de maneiras distintas, dependendo da perspectiva política.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Sobre a inteligência artificial, Padovani reconhece que a tecnologia representa uma mudança significativa, mas questiona se seus efeitos serão sentidos “já no próximo mês”. Ele acredita que esse processo é mais gradual e não deve ser considerado no planejamento de curto prazo.
Ao analisar as decisões do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto), Padovani ressalta que a atual situação “causa muito incômodo” entre os agentes econômicos. “Estamos falando da maior economia do planeta e não há clareza sobre a direção da política monetária.
Essa divisão diminui a previsibilidade dos cenários”, concluiu.
Em relação à política monetária no Brasil, Padovani elogia a condução do Banco Central, considerando-a “uma das melhores possíveis”. Ele recorda que, em 2024, durante a transição de comando, o mercado enfrentou um período de ceticismo em relação ao BC, quando Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, passou o cargo para seu sucessor.
Essa foi a primeira troca de presidentes em um Banco Central autônomo, e havia incertezas sobre qual política seria adotada. No entanto, Padovani destaca que o Banco Central demonstrou um forte comprometimento com a meta de 3%, comunicando claramente sua intenção de alcançá-la.
Ele observa que as ações do BC confirmam essa postura, ressaltando o choque monetário que ocorreu.
Segundo o economista, a comunicação atual do Banco Central indica que melhorias estão sendo percebidas, embora as expectativas ainda não estejam totalmente ancoradas, o que pode aumentar a confiança na dinâmica inflacionária futura.
Autor(a):
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.