Retorno da Direita na Bolívia
A eleição de Rodrigo Paz na Bolívia representa o retorno da direita ao poder após quase 20 anos de governos do Movimento ao Socialismo (MAS). O analista político Amauri Chamorro acredita que esse resultado é uma consequência da ruptura entre o ex-presidente Evo Morales e o atual presidente Luis Arce, que fragmentou o campo progressista no país.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Chamorro afirmou que “o MAS vem de um fratricídio, Evo Morales decidiu implodir o próprio partido, porque queria ser candidato, e se tornou a pior oposição ao governo que elegeu”. Ele destacou que o enfraquecimento interno do MAS e o desgaste político abriram espaço para que Paz, de centro-direita, conquistasse o apoio de setores moderados.
Segundo ele, “essa classe média que ficou órfã de um candidato, e que viu o governo e o partido MAS se autodestruírem, optou por um candidato menos radical”. Chamorro comparou Rodrigo Paz a seu concorrente de extrema direita, Jorge “Tuto” Quiroga, ressaltando que Paz é um candidato de centro-direita mais republicano.
LEIA TAMBÉM!
Tarifa zero no Rio: Mônica Benício articula estudo de gratuidade com Rio Ônibus e sociedade civil
Brasil tem potencial para mediar tensão entre EUA e Venezuela, diz Paulo Ramirez sobre política atual
Jorge Messias promove diálogo democrático entre Lula e evangélicos, afirma pesquisadora Magali Cunha
Reorganização da Esquerda Boliviana
Chamorro acredita que a esquerda boliviana precisará se reorganizar após a derrota. “Há uma necessidade de a esquerda boliviana se reagrupar, mas sabemos que ela funciona muito a partir de suas organizações sociais e sindicais. Para ter um governo de esquerda novamente, será necessário se refazer e se reinventar”, indicou.
Ameaças à Soberania na Região
O analista também comentou sobre a crescente tensão nas Américas devido a ameaças de ação militar dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele alertou que “a fragmentação da defesa da soberania do nosso continente é muito ruim e afeta todo mundo”, citando que uma invasão à Venezuela impactaria países como Brasil, México, Panamá, Colômbia e Equador.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Chamorro defendeu o fortalecimento da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) como um instrumento de integração regional. “É fundamental o fortalecimento da Celac para enfrentar comercial e politicamente os Estados Unidos e a União Europeia”, afirmou.
Papel do Brasil nas Tensões
Ao comentar sobre o papel do Brasil, Chamorro elogiou a postura diplomática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em meio às tensões com o governo dos Estados Unidos. Ele destacou que “a postura de Lula permitiu que ele e Trump criassem um canal de comunicação direta e ajudasse o Brasil nessa guerra comercial”.
Chamorro observou que é difícil não considerar a possibilidade de invasão na Venezuela. Ele também mencionou que o estilo agressivo de Donald Trump tende a se manter, afirmando que “ele entende como funciona a lógica do espetáculo e continuará tensionando e gerando notícias”.