Gestora de projetos destaca a urgência de aumentar a segurança, promover o diálogo com a população e implementar políticas permanentes.
Nesta segunda-feira, 22, o Dia Mundial Sem Carro impulsionou ações globais para conscientizar sobre os impactos do uso excessivo de veículos particulares e a necessidade de soluções de mobilidade sustentáveis. Em São Paulo (SP), a ciclista e gestora de projetos de mobilidade e cultura, Denise Silveira, ressalta o potencial da bicicleta como ferramenta de transformação urbana, apesar das barreiras estruturais e culturais existentes.
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Segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), São Paulo possui 778 quilômetros de vias com tratamento cicloviário permanente. Denise Silveira enfatiza que o ponto crucial é a criação de infraestrutura adequada para o uso da bicicleta. Ela cita exemplos bem-sucedidos em cidades como Paris e Bogotá, demonstrando que a bicicleta pode ser uma alternativa viável.
A gestora destaca a importância de programas que oferecem créditos no bilhete único para incentivar o uso da bicicleta, mas argumenta que medidas adicionais são necessárias. “Eu comecei porque eu tive problemas sérios nos joelhos. A bicicleta foi me libertando dessa identidade de mobilidade reduzida”, relata, evidenciando que a motivação pessoal pode ser um fator determinante. Ela questiona como engajar um público mais amplo, indo além de soluções baseadas na dor.
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Denise Silveira observa um aumento no respeito aos ciclistas, embora ainda existam conflitos com motoristas e pedestres. Ela menciona a polêmica envolvendo a ciclofaixa da Avenida Rebouças, onde motoristas inicialmente tentavam impedir a circulação de bicicletas. “A bicicleta é menos um carro. A partir do momento que as bicicletas começam a circular, os motoristas entenderam que eles têm que compartilhar esse espaço”, explica. A gestora também aponta para o uso de bicicletas elétricas, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida, e a importância da segurança pública, principalmente para mulheres.
Além de eventos pontuais, Denise Silveira defende políticas permanentes e diálogo com a sociedade. “Como fazer a pessoa que foi ontem no passeio ciclístico no centro, na segunda-feira ir na padaria de bicicleta? Isso é um conjunto de ações, um conjunto de iniciativas, para que realmente possamos nos sentir mais acolhidos por esse ecossistema que é tão duro”, avalia. Ela cita a mobilização em torno da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que tem incentivado comunidades indígenas, quilombolas e periféricas a promoverem ações de sustentabilidade ligadas ao transporte, incluindo iniciativas com ciclistas cegos e surdos.
Para a gestora, o incentivo ao uso da bicicleta é também uma forma de construir cidades mais humanas. “Temos que acreditar que um mundo melhor é possível. Vamos nos acolher nessa cidade. Está muito duro, vamos deixar o lugar melhor para se viver”, pede.
Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.