Desigualdades na Educação: Brasil pode levar 15 anos para equidade no ensino médio, alerta estudo

Estudo do Todos Pela Educação revela que o Brasil pode levar 15 anos para alcançar equidade na conclusão do ensino médio entre grupos raciais e socioeconômicos.

22/11/2025 14:12

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Desigualdades na Educação Brasileira

O Brasil pode levar mais de 15 anos para alcançar a equidade entre diferentes grupos raciais e socioeconômicos na conclusão do ensino médio, se continuar no ritmo atual de progresso observado na última década. Essa informação é parte de um novo estudo do Todos Pela Educação, divulgado nesta segunda-feira (17), com dados do IBGE.

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O estudo analisa a conclusão do ensino fundamental até os 16 anos e do ensino médio até os 19 anos, entre 2015 e 2025. Os resultados mostram que as desigualdades na educação básica têm múltiplas facetas, sendo mais acentuadas no ensino médio.

Além disso, existem disparidades regionais e diferenças significativas ligadas ao perfil socioeconômico e racial.

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Avanços e Desafios

A análise nacional revela avanços importantes na última década. A taxa de conclusão do ensino médio, por exemplo, subiu de 54,5% em 2015 para 74,3% em 2025. Contudo, um em cada quatro jovens de até 19 anos não completou a educação básica. Aproximadamente 400 mil brasileiros nessa faixa etária estão fora da escola, seja por necessidade de trabalho ou desinteresse pelos estudos.

Os dados indicam que 69,5% dos jovens pretos, pardos e indígenas até 19 anos completaram o ensino médio, enquanto essa taxa é de 81,7% entre jovens brancos e amarelos. Se a taxa de crescimento continuar em -0,8 pontos percentuais ao ano, a diferença entre os grupos levará 16 anos para ser eliminada.

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Desigualdades Socioeconômicas e de Gênero

Quando analisadas as diferenças socioeconômicas, a situação é ainda mais alarmante. Apenas 60,4% dos jovens da camada mais pobre concluíram o ensino médio até os 19 anos, em comparação a 94,2% dos mais ricos. Apesar de uma redução de 15,3 pontos percentuais na desigualdade entre esses grupos na última década, a previsão é que os jovens mais pobres só alcancem as mesmas oportunidades de conclusão dos mais ricos em cerca de 20 anos.

Em relação ao gênero, os homens têm uma taxa de conclusão inferior (70,2%) em comparação às mulheres (78,5%). Eles também são maioria entre os que abandonaram os estudos para trabalhar ou por falta de interesse. As mulheres, apesar de apresentarem índices mais altos, enfrentam desafios como a sobrecarga de trabalho doméstico e a maternidade precoce.

Perspectivas Futuras

O estudo destaca que as desigualdades tendem a se acumular, com homens mais pobres e de cor preta ou parda apresentando as menores taxas de conclusão. Em contrapartida, mulheres brancas ou amarelas de classe alta têm taxas mais elevadas.

Manoela Miranda, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, ressalta que, embora o Brasil tenha avançado, o ritmo ainda é insuficiente para garantir o direito à educação básica para todos. O novo Plano Nacional de Educação representa uma oportunidade para acelerar esses avanços e enfrentar os obstáculos persistentes.

Miranda enfatiza a necessidade de políticas públicas eficazes nas salas de aula e a implementação das mudanças no Ensino Médio, que se tornará obrigatória em 2026. Ações concretas e urgentes são essenciais para que os resultados desejados sejam alcançados.

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.