Desigualdade e autoritarismo impulsionam o envelhecimento em escala global, segundo estudos recentes
Pesquisas indicam que elementos políticos e sociais afetam de forma significativa o risco de demência e declínio cognitivo.

Uma pesquisa internacional, publicada na revista científica Nature Medicine, demonstrou que não somente fatores genéticos, mas também aspectos políticos, sociais e ambientais, como desigualdade, autoritarismo, baixa escolaridade e poluição, aceleram o envelhecimento biológico e elevam o risco de demência. O estudo envolveu a participação de 41 pesquisadores de quatro continentes e analisou dados de mais de 160 mil pessoas em 40 países, incluindo o Brasil.
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Lucas Uglione da Ros, médico e pesquisador da UFRGS, declarou que, como representantes da população brasileira, a universidade foi convidada. Ele detalha que o trabalho demandou um processo de dois a três anos para “harmonizar” os dados, tornando-os comparáveis entre diferentes países e bases estatísticas. A partir disso, os cientistas calcularam a diferença entre a idade cronológica e a idade biológica das pessoas, medida por indicadores de saúde física e cognitiva. “Vimos de que forma essa diferença está distribuída ao redor do mundo”.
Os resultados evidenciam o papel da educação como um fator de proteção contra o declínio cognitivo, ao mesmo tempo em que revelaram uma descoberta notável. “O que chamou nossa atenção, nos surpreendeu, foi que fatores políticos, como o nível de liberdade de expressão, a garantia da democracia e o impacto que a pessoa tem nas decisões políticas do seu país, se associaram fortemente ao declínio cognitivo e à funcionalidade do indivíduo mais idoso”, afirma o pesquisador.
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Argumenta-se que as políticas públicas devem considerar esse cenário amplo, e não apenas medidas individuais. “Antes mesmo de podermos pensar em intervenções mais específicas na saúde, precisamos proporcionar para a sociedade um ambiente mais tranquilo, sem tantas preocupações, com direitos políticos garantidos”, afirma.
A equipe da UFRGS ainda almeja aprofundar os dados em uma análise regional no âmbito do Brasil. “Temos dados para realizar isso, porém ainda não dispomos dos resultados para apresentar”, adiantou. Para Uglione, os achados já oferecem subsídios importantes para exigir ações concretas de prefeitos, governadores, presidentes e parlamentares. “São bons guias para, a partir desses números, conduzir uma situação mais favorável à nossa população”, sugere.
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Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.