Enquanto um grupo de líderes mundiais chegavam de avião a Pequim, na China, para um grande desfile militar, outro deles viajou em seu autocarro blindado verde: o líder norte-coreano Kim Jong-un.

O trem representou um símbolo da dinastia Kim e de sua nação isolada. O veículo também foi uma fonte de intrigas, levando diversas gerações da família Kim por todo o país e, em poucas ocasiões, em viagens internacionais.

O veículo de comunicação estatal norte-coreano Rodong Sinmun informou que o trem com Kim atravessou a fronteira com a China na terça-feira (3). Imagens mostraram o líder sorrindo a bordo do trem, sentado a uma mesa de madeira com uma bandeira norte-coreana atrás dele.

O ditador viajou acompanhado por altos funcionários, entre eles a ministra das Relações Exteriores, Choe Son Hui, conforme informado pelo Ministério das Relações Exteriores do país.

De acordo com a Reuters, o pai e sucessor de Kim, Kim Jong-il, demonstrava resistência em voar e dependia significativamente do transporte ferroviário.

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Em 2002, a mídia estatal russa divulgou imagens do avião — verde com listras amarelas — durante a visita de Kim Jong-il, em um período de flexibilização das sanções que possibilitou maior interação com o exterior.

O pai e o avô de Kim haviam, supostamente, organizado jantares luxuosos no exterior.

Um relato de 2002 do oficial russo Konstantin Pulikovsky indicou que o trem transportava caixas de vinhos das denominações Bordeaux e Beaujolais, provenientes de Paris, e que os passageiros consumiam lagosta viva e carne de porco grelhada.

Entretanto, esse curto período de abertura e ostentação cedeu lugar rapidamente com o fortalecimento das sanções internacionais em 2003.

Apesar de escassez de informações sobre a nação isolada acessíveis ao exterior, relatos apontam para um grave empobrecimento e desnutrição em grande parte do território.

O trem é reconhecido pela sua lentidão e segurança rigorosas. É tão fortemente blindado que viaja a uma velocidade média de 60 quilômetros por hora, conforme uma reportagem de 2009 do jornal sul-coreano Chosun Ilbo.

A locomotiva possuía salas de reunião, uma sala de audiências e aposentos, além de conexões telefônicas por satélite e televisores de tela plana, conforme noticiado na época.

Durante o governo de Kim Jong-il, aproximadamente 20 estações ferroviárias foram construídas para uso exclusivo do trem da família, segundo o jornal.

align=”left”>As viagens de trem de Kim Jong-un

Kim empregou este trem em várias viagens ao exterior, ainda que já tenha viajado de avião e jato particular.

Ele viajou na locomotiva durante sua última visita internacional – uma viagem em 2023 ao extremo oriente da Rússia para se encontrar com o presidente Vladimir Putin.

As imagens publicadas pela mídia oficial na época revelavam a locomotiva, exibindo o piso de madeira lustrosa e uma porta branca decorada.

Imagens da mídia estatal divulgadas em 2022 apresentaram Kim trabalhando em seu escritório a bordo do trem e também descansando enquanto fumava um cigarro com uma camisa de manga curta, conforme reportado pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Durante uma viagem em 2018, quando o líder norte-coreano se encontrou com o líder chinês Xi Jinping, imagens da mídia estatal norte-coreana mostraram autoridades chinesas embarcando na locomotiva para cumprimentá-lo. As delegações conversaram a bordo, sentadas em duas fileiras de sofás cor-de-rosa, conforme demonstrado nas fotos.

Além das viagens internacionais, o transporte também foi enfatizado na propaganda estatal, com a família Kim realizando longas viagens de trem para se encontrar com cidadãos norte-coreanos, relatou a Reuters.

Uma maquete em tamanho real de um dos vagões do trem está em exposição em um mausoléu nos arredores da capital norte-coreana, Pyongyang, onde se encontram os restos mortais do pai e do avô de Kim.

Fonte por: CNN Brasil