Arqueólogos desvendam segredos do navio Hjortspring, revelando novas pistas sobre invasores da Idade do Bronze e sua navegação no Mar Báltico.
Mais de um século após a descoberta de um navio antigo na Escandinávia, arqueólogos continuam a desvendar sua história. A embarcação, feita de tábuas, continha um arsenal de armas, como espadas e lanças, que pertenciam a guerreiros que tentaram invadir a ilha dinamarquesa de Als, mas foram derrotados.
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Os defensores da ilha se estabeleceram em um pântano, onde o navio permaneceu até ser escavado, mais de dois milênios depois.
Apesar das descobertas, questões sobre a origem dos invasores e o período do ataque permaneciam sem resposta. Um novo estudo, publicado recentemente, pode ajudar a esclarecer a origem do famoso barco conhecido como Hjortspring. Os pesquisadores apresentaram dados de datação por radiocarbono e uma análise do material de construção, indicando que o barco pode ter viajado mais longe do que se imaginava.
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O autor principal do estudo, Mikael Fauvelle, professor associado na Universidade de Lund, na Suécia, destacou que a pesquisa oferece uma nova pista sobre a origem dos invasores. Durante a Idade do Bronze, os escandinavos precisavam navegar para comercializar cobre e estanho, essenciais para a produção de bronze, que não eram extraídos na região nórdica na época.
O barco Hjortspring, portanto, representa uma das primeiras culturas marítimas da Escandinávia. Fauvelle enfatizou que o estudo fornece informações cruciais sobre a navegação marítima no início da Idade do Ferro e na Idade do Bronze que a precedeu.
Além disso, uma descoberta inesperada foi feita: uma impressão digital parcial em fragmentos de alcatrão, possivelmente deixada por um dos navegadores originais.
Antes de seu naufrágio, o Hjortspring tinha quase 20 metros de comprimento e capacidade para 24 homens. Atualmente, o barco está exposto no Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhague, e é considerado o mais antigo barco de madeira preservado do norte da Europa.
A embarcação é composta por uma prancha de fundo costurada a duas pranchas laterais, com extremidades curvas, evidenciando a avançada tecnologia naval da Era do Ferro inicial.
Após a escavação na década de 1920, extensos estudos foram realizados para determinar a origem dos invasores. Em 2024, uma nova análise da calafetagem e dos cordames encontrados com o barco revelou que o material utilizado não era local, mas uma mistura de gordura animal e piche de pinho, sugerindo que a construção do barco pode ter ocorrido em uma região diferente, como as áreas costeiras do Mar Báltico.
A impressão digital encontrada no alcatrão é um achado raro, pois impressões desse tipo são incomuns para o período e região. Os autores do estudo também recuperaram fragmentos de calafetagem e cordas intactas, permitindo a datação por radiocarbono, que indicou que a embarcação data do século IV ou III a.C., corroborando datações anteriores.
Embora as novas descobertas forneçam informações sobre os guerreiros, os pesquisadores esperam que estudos futuros possam resolver o mistério da origem do navio. Eles estão analisando varreduras de raio-X da madeira para revelar anéis de crescimento e planejam extrair DNA antigo dos resíduos, o que pode ajudar a identificar a origem dos invasores.
O barco Hjortspring e suas armas oferecem evidências sobre conflitos e estratégias durante a Idade do Ferro Antiga no Norte da Europa. Flemming Kaul, coautor do estudo, ressaltou a importância de continuar essas pesquisas para entender como a história marítima é fundamental para a história da Escandinávia, onde o mar e os fiordes conectam as terras.
Kaul também destacou que o controle do Mar Báltico e das rotas comerciais era tão crucial na Idade do Ferro Antiga quanto é atualmente, evidenciando a relevância das descobertas arqueológicas para compreender as interações sociais e comerciais da época.
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.