Descoberta de caverna no Mare Tranquillitatis pode revolucionar a exploração lunar, oferecendo abrigo seguro para futuras missões humanas no espaço
Um dos mais significativos achados na ciência lunar nas últimas décadas pode mudar nossa percepção sobre a presença humana fora da Terra. Pesquisadores confirmaram a existência de uma caverna acessível logo abaixo da superfície lunar, na região conhecida como Mare Tranquillitatis.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A revelação, publicada em um artigo científico, abre a possibilidade de que futuras bases lunares sejam estabelecidas não na superfície exposta, mas no subsolo protegido do satélite. A caverna está situada logo abaixo do Mare Tranquillitatis pit, um poço que intriga cientistas desde sua identificação pelas câmeras da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Durante anos, a abertura levantou a hipótese de que poderia ser uma entrada para um sistema subterrâneo. Essa teoria foi confirmada após pesquisadores reanalisarem dados de radar coletados em 2010 pelo instrumento Mini-RF. Técnicas modernas de processamento permitiram identificar ecos de radar compatíveis com um conduto subterrâneo oco, ligado diretamente à base do poço.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O estudo descreve essa descoberta como a primeira evidência direta de um tubo de lava lunar acessível, algo que nunca havia sido confirmado anteriormente. Até então, a existência desse tipo de estrutura era sustentada apenas por modelos e analogias com formações vulcânicas na Terra.
A equipe de pesquisa analisou reflexões secundárias do radar, um padrão que aparece quando o sinal encontra superfícies internas, como o teto ou as paredes de uma caverna. Com base nesses dados, os autores concluíram que o conduto possui dezenas de metros de extensão e cerca de 40 a 50 metros de largura, formando um espaço amplo e potencialmente navegável.
O poço que dá acesso à caverna tem aproximadamente 100 metros de diâmetro e entre 130 e 170 metros de profundidade, conforme descrito no estudo de 2024. Essa dimensão incomum sugere que o Mare Tranquillitatis pit é uma “claraboia” natural, resultante do colapso de um teto vulcânico antigo.
As condições extremas da superfície lunar exigem que qualquer missão tripulada tenha blindagens complexas contra radiação, micrometeoritos e temperaturas que variam entre +127 °C e –173 °C. Nesse contexto, a descoberta se destaca como uma solução viável.
O artigo ressalta que cavernas oferecem proteção natural contra radiação, já que metros de rocha absorvem partículas solares e raios cósmicos de forma mais eficiente do que qualquer estrutura leve construída na superfície. Além disso, a caverna elimina o risco de impactos de micrometeoritos, que atingem a Lua com frequência devido à ausência de atmosfera.
A descoberta representa um avanço significativo para a próxima era da exploração espacial. O estudo afirma que o Mare Tranquillitatis pit pode ser considerado um local realista para futuras missões robóticas que busquem entrar e mapear a caverna lunar.
O que antes era apenas uma hipótese agora se torna um alvo tecnológico concreto.
Embora o radar consiga identificar o conduto, ele não mapeia completamente a extensão total, a estabilidade do teto ou a presença de ramificações maiores. Antes que astronautas possam explorar a caverna, robôs precisariam descer os quase 150 metros do poço e investigar o interior em 3D.
Os autores afirmam que essa é uma prova de conceito fundamental. Se uma caverna acessível existe em Mare Tranquillitatis, outras similares podem estar espalhadas pela Lua, incluindo regiões polares onde há gelo. Isso ampliaria ainda mais a possibilidade de estabelecer bases subterrâneas protegidas, com acesso direto a água congelada, um recurso essencial para a habitação lunar.
Autor(a):
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.