O futebol feminino enfrenta desafios críticos: jogadoras elite lidam com esgotamento, enquanto outras sofrem com a falta de jogos, aumentando riscos de lesões
O futebol feminino enfrenta um dilema significativo: enquanto jogadoras de elite lidam com o esgotamento devido a uma agenda intensa, outras enfrentam a escassez de partidas, o que aumenta o risco de lesões em ambos os casos. Uma nova pesquisa da FIFPro, divulgada na última sexta-feira (12), revelou disparidades marcantes entre as principais ligas da Europa.
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Nos campeonatos da Alemanha e da França, as jogadoras competem, em média, apenas 14 vezes por temporada, considerando todas as competições, o que equivale a cerca de um jogo e meio por mês. O relatório, que monitorou a carga de trabalho, indicou que o número de partidas está crescendo no topo do futebol feminino, com as principais atletas enfrentando mais jogos por clubes e seleções, mas com menos tempo para recuperação.
A Women’s Super League, da Inglaterra, também ilustra essa disparidade. Por exemplo, uma jogadora do Arsenal acumulou 13 jogos completos a mais do que uma atleta do Crystal Palace, da segunda divisão. A falta de tempo de jogo significativo cria um ciclo prejudicial, pois essas jogadoras chegam menos preparadas às partidas e perdem espaço nas convocações para seleções, ampliando a lacuna no desenvolvimento.
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“Elas precisam de tempo competitivo, a subcarga é real”, afirmou Maitane Lopez, jogadora espanhola do Chicago Stars. “As jogadoras mais jovens não têm minutos suficientes para evoluir”.
No extremo oposto, temos Aitana Bonmatí, que representa a elite sobrecarregada. Na última temporada, a meio-campista do Barcelona fez 60 aparições, contribuindo para a vitória do clube em ligas e copas nacionais, além de chegar à final da Champions e disputar a Euro pela Espanha.
Aos 27 anos, Bonmatí está afastada por cerca de cinco meses após uma cirurgia devido a uma fratura na fíbula esquerda, ocorrida durante um treino com a seleção.
Culvin destacou que, apesar de jogadoras como Bonmatí atuarem em grandes clubes, elas ainda não têm acesso às mesmas estruturas disponíveis no futebol masculino, como voos fretados e equipes especializadas em nutrição e fisioterapia. “Elas enfrentam uma carga altíssima, mas ainda não jogam em condições que permitam o pleno rendimento”, afirmou.
Lopez acrescentou que a carga de trabalho aumenta mais rapidamente do que os mecanismos criados para proteger as atletas. “Não têm as mesmas condições — nem perto — das equipes masculinas. É necessário investir mais em tudo ao redor das jogadoras, para que possam descansar e se recuperar.
O burnout é real, e a saúde mental é importante”.
Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.