Desafio da Redação da UNESP 2026: Epidemia de Solidão?
A prova de redação da UNESP (Universidade Estadual Paulista) deste ano trouxe um tema provocador aos candidatos: “Estamos vivendo uma epidemia de solidão?”. Essa proposta, de caráter reflexivo e social, exigiu uma argumentação aprofundada, alinhada ao perfil das edições anteriores do exame, conforme destaca a professora de Língua Portuguesa do Objetivo, Paula Nogueira.
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Segundo a especialista, a coletânea de apoio disponibilizada foi diversificada, permitindo múltiplas abordagens sobre o assunto. Os textos incluíam um histórico da solidão, mostrando como a falta de espaço para o isolamento no passado evoluiu para as conotações atuais do tema.
Havia também uma perspectiva artística, com um poema de Carlos Drummond de Andrade e uma tirinha, que estimulavam a reflexão emocional e social.
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Argumentações e Perspectivas
Um texto de opinião contrastava a visão negativa da solidão com a ideia de solitude, entendida como um momento necessário de autocuidado e reflexão, explica Paula. A prova ainda trouxe dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), que indicam um aumento no número de pessoas que se sentem solitárias, considerando esse sentimento como um sofrimento agudo ou até uma patologia, elevando a discussão ao âmbito da saúde pública.
Os candidatos tiveram a liberdade de desenvolver suas teses a partir de diferentes ângulos, respondendo à pergunta com uma afirmação, uma negação ou uma visão relativizada. Aqueles que optaram pela afirmação poderiam argumentar que a solidão se intensificou na contemporaneidade, impulsionada pelo uso excessivo de redes sociais, que, paradoxalmente, conectam e isolam, além da performance de uma identidade individualista.
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Linhas Argumentativas
Essa postura, embora incentive o “olhar para si”, pode resultar em transtornos como a depressão, transformando a solidão em uma questão de saúde pública que requer atenção social, afirma a professora. Outra linha argumentativa negava o caráter epidêmico da solidão, resumindo seu aspecto intrínseco à condição humana.
Nesse contexto, a solidão poderia ser vista como uma forma de autopreservação e autocuidado, uma escolha que permite momentos de ócio, reflexão e cuidado com o bem-estar mental e corporal. O foco recairia na distinção entre solidão (necessária) e isolamento social (problemático), explica a educadora.
Análise da Desigualdade
Um caminho argumentativo mais complexo envolvia a análise da solidão sob a perspectiva da desigualdade social e de gênero. Nesse caso, a solidão não seria a mesma para todos; ela se manifestaria de formas distintas para ricos e pobres, ou para homens e mulheres, expondo vulnerabilidades específicas.
Paula conclui que a prova da UNESP 2026 reafirmou a tendência da banca em buscar uma argumentação reflexiva, exigindo que os candidatos fossem além da mera descrição do fenômeno, explorando suas causas, consequências e as diferentes nuances de sua percepção na sociedade moderna.
O sucesso na prova dependia da capacidade de transformar informações diversas em um discurso coeso e com forte viés social.
