Polícia Federal Apura Movimentações Financeiras Suspeitas em Operação Contra Deputados do PL
A Polícia Federal (PF) indicou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a existência de R$ 27,8 milhões em movimentações financeiras suspeitas, sem justificativa clara, envolvendo contas de assessores de gabinetes de dois deputados do Partido Liberal (PL) – ambos no Rio de Janeiro – e funcionários do partido, além de pessoas ligadas aos congressistas.
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As informações surgem de um relatório parcial da PF, que ganhou acesso emergencial nesta sexta-feira (19.dez.2025) após ser solicitado pelo ministro Flávio Dino, responsável pela condução do caso no STF. O documento foi a base para a operação deflagrada na manhã do mesmo dia, que inclui os dois parlamentares como alvos.
(PDF – 332 kB)
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Investigação Revela Suspeitas de Desvio de Recursos Parlamentares
Segundo informações preliminares, R$ 400 mil em dinheiro foram encontrados em um dos endereços ligados a Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara. A operação da PF, que contou com a autorização de Dino e o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), resultou em 7 mandados de busca e apreensão.
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As diligências incluíram buscas em locais residenciais, veiculares e em imóveis vinculados a Jordy e Sóstenes. Além disso, foram autorizadas a quebra de sigilo bancário de deputados e de outras 12 pessoas físicas, além de uma pessoa jurídica, e a quebra de sigilos telefônico e telemático dos investigados.
O magistrado também determinou o compartilhamento de informações com a Receita Federal.
Investigadores Apontam Possível Lavagem de Dinheiro
A investigação suspeita de desvio da cota parlamentar – verba destinada ao funcionamento dos gabinetes –, além de possíveis repasses “por fora”, mencionados em conversas obtidas em aplicativos de mensagens. Há indícios de prática de “smurfing”, caracterizada pelo fracionamento de saques e transferências em valores inferiores a R$ 9.999, com o objetivo de dificultar o rastreamento pelas autoridades financeiras.
Um dos maiores volumes suspeitos é o de Adailton Oliveira dos Santos, assessor especial do PL, que movimentou mais de R$ 11,4 milhões de 2023 a 2024. O montante é incompatível com sua renda declarada e vínculo funcional.
Valores Individualizados na Decisão do Ministro Dino
R$ 11,4 milhões – movimentados por Adailton Oliveira dos Santos, assessor especial do PL, entre 2023 e 2024; R$ 5,9 milhões – movimentados por Itamar de Souza Santana, secretário parlamentar de Carlos Jordy, com parte dos valores transferida de forma fracionada; R$ 3,9 milhões – movimentados por Florenice de Souza Santana, integrante do núcleo familiar investigado; R$ 6,6 milhões – movimentados por Andrea de Figueiredo Desiderati, incluindo recursos com origem na Câmara dos Deputados e repasses a destinatários não identificados.
Resposta do PL e Deputados
O Poder360 procurou o deputado Sóstenes Cavalcante e o PL, por meio da assessoria de imprensa, para perguntar se há um posicionamento sobre a operação da PF. A resposta é de que ainda não há. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.
Já o deputado Carlos Jordy se manifestou em seu perfil no Instagram. “É a mesma empresa que eu alugo carros desde o início do meu 1º mandato (…) a alegação deles é tosca. Eles dizem que chama muito a atenção o número de veículos dessa empresa, que aluga para vários outros deputados inclusive, dizendo que outras empresas têm mais de 20 veículos na sua frota e a Haru Locação de Veículos tem apenas 5, por isso seria uma empresa de fachada.
Eu sei o que eles estão fazendo. Só que é mais do que querer nos intimidar, é uma pesca probatória, é fishing expedition. Eu não vou me deixar abalar com isso”, disse em vídeo. Na legenda, citou “perseguição implacável”. Assista à fala do deputado (2min48).
