Depressão Maior: Estudo Revela Eficácia da Estimulação Cerebral Profunda em Pacientes Resistentes

A depressão maior afeta 300 milhões globalmente. Estudo no Hospital Ruijin, em Xangai, testa estimulação cerebral profunda, mostrando resultados promissores

03/12/2025 4:35

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(Imagem de reprodução da internet).

Depressão Maior: Um Desafio Global

A depressão maior, também conhecida como transtorno depressivo maior (TDM), é uma condição mental séria que afeta mais de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo. Essa doença se manifesta por uma tristeza intensa e persistente, além da perda de prazer em atividades cotidianas.

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Embora muitos pacientes se beneficiem de antidepressivos e terapias cognitivas, esses tratamentos não são eficazes para todos. Estudos indicam que a resistência às terapias ocorre em 30% a 50% dos casos, deixando milhões sem opções adequadas para aliviar seus sintomas.

Estimulação Cerebral Profunda como Alternativa

A técnica de estimulação cerebral profunda (ECP) foi aprovada em 1997 para tratar distúrbios do movimento, como o tremor essencial e a doença de Parkinson. Desde então, sua aplicação em condições psiquiátricas tem sido investigada. Após resultados positivos em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), pesquisadores começaram a explorar seu uso para tratar a depressão.

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Um estudo recente realizado no Hospital Ruijin, em Xangai, testou a ECP em 26 pacientes com depressão resistente.

A ECP envolve a implantação cirúrgica de eletrodos finos no cérebro, que emitem pulsos elétricos para regular a atividade cerebral anormal. Para participar do estudo, os pacientes precisavam ter tentado pelo menos três tipos diferentes de tratamento sem sucesso, incluindo antidepressivos, psicoterapia ou eletroconvulsoterapia.

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Identificação de Biomarcadores Cerebrais

A equipe direcionou a estimulação para duas áreas do cérebro: o núcleo do leito da estria terminal (BNST), que regula o estresse e o medo, e o núcleo accumbens, essencial para o processamento de recompensas e prazer. Os pesquisadores registraram sinais elétricos do cérebro logo após a cirurgia e continuaram as medições durante o acompanhamento.

Após um ano, cerca de 50% dos pacientes apresentaram resposta ao tratamento, e 35% alcançaram remissão.

Os resultados mostraram que a atividade elétrica no BNST, especialmente as oscilações entre 4 e 8 Hertz na frequência teta, estava relacionada a melhores níveis de humor. Pacientes com menor atividade teta antes da cirurgia tiveram uma resposta mais positiva ao tratamento, sugerindo que essa atividade pode servir como um biomarcador para prever a eficácia da terapia.

Futuro da Terapia e Inovações

A pesquisadora Valerie Voon, da Universidade de Cambridge, destacou que a ECP não apenas representa uma nova opção de tratamento, mas também fornece um marcador objetivo para identificar quais pacientes podem se beneficiar mais. Essa mudança na psiquiatria, que vai além da abordagem baseada apenas em sintomas, traz esperança para aqueles que enfrentam a depressão resistente.

O futuro pode incluir avaliações multimodais, como EEG e ressonância magnética, para personalizar tratamentos de acordo com o perfil de cada paciente. A ideia é desenvolver sistemas de “circuito fechado” que monitorem o cérebro em tempo real, ajustando a estimulação conforme as variações no humor ou na ansiedade.

Essa abordagem pode funcionar como um marcapasso emocional, regulando continuamente o estado emocional dos indivíduos.

Além de oferecer novas opções terapêuticas para pacientes vulneráveis, essa pesquisa também ilumina os mecanismos neurais da depressão, abrindo caminho para inovações que podem beneficiar pessoas em diferentes estágios da doença, desde os moderados até os mais resistentes.

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.