Cassio Conserino inicia investigação para apurar crime com pena de até três anos de reclusão; manifestação era contra indivíduos de alta renda.
A invasão, a violência, a ameaça e a depredação escapam dos limites constitucionais e se tornam crimes, independentemente de serem praticados por pessoas reunidas sob a denominação ou abrangência de “movimento social”, e sem considerar se a reivindicação é justa ou não, escreveu o promotor no despacho que abriu o procedimento investigatório.
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Observe a cena em que os manifestantes ocupam o edifício (2min2s).
O grupo decidiu intervir na sede do Itaú devido ao valor do edifício. O espaço foi adquirido por aproximadamente R$ 1,5 bilhão em janeiro de 2024. “Não se trata apenas de uma ação simbólica, é uma denúncia clara: os donos do Itaú, que compraram esse prédio por R$ 1,5 bilhão, pagam menos imposto que a maioria esmagadora do nosso povo, que luta para pagar aluguel e comer”, declarou o movimento.
A instauração do processo criminal – espécie de inquérito conduzido pelo Ministério Público – ocorreu com base em uma denúncia do deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos), empresário que co-fundou o movimento Nas Ruas junto com Carla Zambelli, deputada federal condenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que se encontra foragida na Itália.
Em março de 2016, Conserino se destacou como promotor paulista que denunciou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao tríplex de Guarujá. O caso foi então encaminhado ao Ministério Público Federal em Curitiba, que liderava a operação Lava Jato. O ex-presidente Lula foi condenado e preso por 580 dias, entre 2018 e 2019, em decorrência das acusações. Conserino foi posteriormente processado por Lula e julgado, tendo que pagar R$ 60.000 ao petista, devido à utilização da expressão “encantador de burros”.
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A manifestação na Faria Lima ocorreu em um cenário de disputa política entre o governo e o Congresso. A esquerda promoveu críticas aos super-ricos após a derrubada do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pelo Congresso em 25 de junho. O aumento do IOF faz parte de uma série de medidas do governo para elevar a arrecadação e equilibrar o Orçamento. O Palácio do Planalto aproveitou a derrota para fortalecer o discurso em favor da aprovação da reforma do Imposto de Renda, que isenta quem recebe até R$ 5.000 e incrementa alíquotas para quem ganha mais de R$ 50.000.
Um dia antes da invasão do prédio da Faria Lima, durante evento em Salvador, Lula exibiu um cartaz da campanha “Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”. A imagem foi compartilhada em suas redes sociais com a mensagem: “Mais justiça tributária e menos desigualdade. É sobre isso”. O PT impulsionou campanhas nas redes sobre o tema, defendendo a necessidade de taxar os super-ricos. Perfis de esquerda usaram o mote “Congresso inimigo do povo”. Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, virou um dos principais alvos dos vídeos produzidos com inteligência artificial. Nas peças, o congressista é chamado de “Hugo nem se importa”.
Em 10 de julho, movimentos sociais, incluindo a frente Povo Sem Medo, que liderou a manifestação no prédio do Itaú, se uniram a partidos e congressistas de esquerda em um ato na avenida Paulista, com aproximadamente 15.100 participantes, conforme estimativa do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP. A manifestação, iniciada com o lema “Congresso Inimigo do Povo”, também se tornou um protesto contra as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas na véspera pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (republicano).
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.