Crise de Mão de Obra no Brasil: Desafios e Oportunidades em Meio ao Baixo Desemprego
O Brasil enfrenta uma crise de mão de obra qualificada, com 62% das indústrias relatando dificuldades de contratação. Desafios educacionais e mudanças comportamentais impactam o cenário
Crise de Mão de Obra no Brasil: Desafios e Perspectivas
Empresas de diversos setores da economia brasileira enfrentam um “apagão” de mão de obra, especialmente a qualificada, mesmo com a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desocupação é de 5,6%.
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A indústria é um dos segmentos mais afetados, com uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) revelando que 62% das empresas do setor têm dificuldades para contratar profissionais qualificados.
Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), destaca que o problema está ligado à educação e à qualificação no Brasil. Ele afirma que a demanda por profissionais capazes de resolver problemas complexos está crescendo, impulsionada pelas novas tecnologias e modelos de trabalho. “O Brasil enfrenta um desafio histórico, com um percentual ainda baixo de jovens concluindo o ensino médio com formação técnica”, ressalta.
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Comparação Internacional e Iniciativas de Qualificação
Segundo o estudo internacional Education at Glance, apenas 11% dos jovens brasileiros que terminam o ensino médio optam por cursos profissionalizantes. Em contraste, entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), essa taxa varia de 35% a 65%.
As instituições de ensino no Brasil buscam oferecer qualificações em áreas tecnológicas, aumentando a oferta de vagas e salários para mudar esse cenário.
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“Desenvolvemos programas setoriais para segmentos estratégicos, como construção civil, tecnologia artificial e energia renovável”, explica Morgado. A crise de mão de obra também pode ser observada nos dados do IBGE, que mostram um aumento na troca de empregos desde a pandemia.
Em 2018, menos de 12% dos brasileiros mudaram de emprego anualmente; em 2022, esse número ultrapassou 14% e atualmente está em 13,7%.
Desafios no Comércio e Mudanças Comportamentais
O setor de comércio em São Paulo também enfrenta dificuldades para encontrar mão de obra, com a rotatividade sendo um fator preocupante. O tempo médio de permanência no emprego caiu 7% entre 2015 e 2024, reduzindo para apenas 26 meses. Em setores como madeira e material de construção, a queda foi de 12%.
Kelly Carvalho, economista da FecomercioSP, observa que o tempo necessário para uma empresa varejista substituir todo o seu quadro de funcionários diminuiu significativamente.
Além disso, especialistas apontam que a mudança no comportamento dos jovens e a migração para trabalhos autônomos estão contribuindo para a crise. Gustavo Coimbra, diretor da LHH Brasil, afirma que a atratividade do emprego formal é menor em comparação com atividades informais, levando muitos a optarem por projetos próprios ou trabalho autônomo.
Eduardo Lima de Souza, motorista de aplicativo, exemplifica essa tendência, destacando a autonomia e a flexibilidade como fatores decisivos em sua escolha profissional.
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.












