Cracolândia: ruas desertas e população espalhada

Após a saída dos dependentes químicos da Rua dos Protestantes, a praça havia se tornado um dos principais pontos de encontro dos usuários.

07/06/2025 5:35

3 min de leitura

Cracolândia: ruas desertas e população espalhada

A presença de uma base móvel da Polícia Militar na Praça Marechal Deodoro, área central de São Paulo, no dia 28, reduziu a venda e o consumo de drogas no local, porém não eliminou os usuários e dependentes químicos, que agora se concentram sob o Viaduto Presidente João Goulart, conhecido como Minhoca.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A partir do momento em que os dependentes químicos da Rua dos Protestantes deixaram de frequentar o local, as operações dos poderes municipal e estadual, iniciadas em maio, transformaram a praça em um dos pontos de concentração dos usuários. Ali, eles se misturavam à população de rua que ocupava o espaço.

A Secretaria de Segurança Pública informou que a base permanecerá no local por tempo indeterminado para reforçar a presença policial na área e prevenir ações criminosas.

A instituição comunicou que expande as unidades fixas. Sete das 11 bases comunitárias previstas já foram inauguradas; as demais devem ser entregues até julho deste ano, informa a SSP.

A comunidade percebe que a presença das autoridades policiais restringe o comércio, que nas últimas semanas ocorria com a venda de produtos em caixotes de madeira ou caixas de papelão. Além de entorpecentes, eram comercializadas roupas e bebidas alcoólicas. “Não tinha consciência de ter usuários em frente à minha casa. Agora estou ciente disso”, afirmou um residente da área há dez anos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na terça-feira (3), os caixotes já haviam sido removidos da praça, que estava deserta por volta das 22h. Contudo, os usuários – um grupo de 20 a 30 pessoas – se reuniram sob o Minhoca.

Iezio Silva, presidente da Associação Pró-Campos Elísios, declara que essa base móvel estava situada nas imediações da Praça Princesa Isabel desde abril. Atualmente, ela se deslocou para outro local. A Secretaria de Segurança Pública não emitiu nenhuma declaração sobre a mudança.

Cidadãos se queixam de praticantes.

Moradores e visitantes relatam aglomerações de pessoas na Avenida Duque de Caxias, nos cruzamentos com as ruas Guaianazes e Gusmões. O local, que possui quatro edifícios residenciais, está localizado a dois quarteirões da Secretaria de Segurança Pública e do Hospital da Mulher.

A Prefeitura comunicou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) realiza patrulhamento contínuo e preventivo, em regime de 24 horas, na área.

Dispersão da Cracolândia

Naqueles locais com ocupações temporárias ou periódicas na cidade, envolvendo pessoas em situação de rua, usuários ou não de drogas, a Prefeitura realiza abordagens ativamente por 1.600 agentes, que oferecem acolhimento e encaminhamento a serviços de saúde e assistência social.

Outro morador relata: “A polícia passa com a sirene ligada, eles se dispersam por alguns minutos, mas retornam ao mesmo local.”

Uma moradora, que se encontrava na lavanderia, próxima a um dos edifícios, relatou ter ouvido gritos em sua direção, acompanhados de ameaças. A razão era que os envolvidos acreditavam que ela estava filmando o grupo. “Não temos segurança nem dentro do apartamento.”

Indivíduos dependentes circulam pelas áreas centrais, sem formar grandes concentrações em razão do acompanhamento das polícias. Os grupos são menores. Na Rua dos Protestantes, por exemplo, a levantamento realizado por drones da Prefeitura indicava uma média de 280 pessoas presentes.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou que o fluxo estava diminuindo nos últimos meses devido à atuação das assistências sociais, da saúde e das forças de segurança. Uma das principais causas do esvaziamento da rua dos Protestantes foi a operação conjunta do governo e da prefeitura na Favela do Moinho, local de origem do tráfico de drogas.

Historicamente, o fluxo da Cracolândia migra. Após ocupar por décadas a região da estação Júlio Prestes, na Luz, o grupo de usuários já passou pela praça Princesa Isabel, pelas ruas dos Gusmões e Helvética, pelas alamedas Cleveland e Dino Bueno e pela Rua dos Protestantes, o último local de maior concentração.

Fonte por: CNN Brasil

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.