Córpus de brasileiro falecido durante a ditadura argentina é identificado
Francisco Tenório Cerqueira sumiu em 18 de março de 1976, após deixar o Hotel Normandie, no centro de Buenos Aires.

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) comunicou, no sábado 13, que solucionou o caso de quase 50 anos da morte do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira, desaparecido em 18 de março de 1976, após deixar o Hotel Normandie, no centro de Buenos Aires.
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Em determinada oportunidade, o artista viajava com Toquinho e Vinícius de Moraes em uma turnê pela América do Sul.
De acordo com informações da Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), Francisco Tenório foi assassinado com disparos e seu corpo foi sepultado sem identificação em um buraco comum na periferia da capital.
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A identificação ocorreu por meio da análise de impressões digitais. Francisco Tenório faleceu na madrugada de 18 de março, após deixar o hotel, antecipadamente ao golpe de Estado que depôs María Estela Martinez Perón da presidência da Argentina e instaurou uma ditadura militar.
O reconhecimento ocorreu a partir de um levantamento realizado pela Procuradoria de Crimes contra a Humanidade. Ações judiciais foram iniciadas na província de Buenos Aires, entre 1975 e 1983, em razão de cadáveres encontrados em locais públicos que foram arquivados sem a identificação das vítimas. O estudo visava investigar se esses casos poderiam estar relacionados aos de pessoas mortas e desaparecidas em decorrência da violência estatal argentina.
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Com base no trabalho de investigação da EAAF, e por ordem da Câmara Federal de Apelações no Criminal e Correccional da Capital Federal de Buenos Aires, confirmou-se a morte e o destino do corpo de Francisco Tenório Cerqueira Júnior, após a comparação das impressões digitais de um cadáver encontrado em um terreno baldio na região de Tigre, próximo a Buenos Aires, em 20 de março de 1976.
A CEMDP informou que ainda não se sabe se será possível exumar o corpo do Cemitério de Benavídez, na capital argentina, para análise de amostras genéticas.
A comissão informou que também tem acompanhado esse caso específico e outros relacionados à Operação Condor, nome dado à aliança entre as ditaduras estabelecidas na Argentina, Bolívia, no Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, durante a década de 1970, para monitorar, sequestrar, torturar, assassinar e provocar o desaparecimento de militantes políticos que se opunham, com ou sem armas, aos regimes militares.
A CEMDP realiza a obtenção de dados de impressões digitais de desaparecidos políticos no Brasil, em países estrangeiros, e coletas de amostras genéticas de familiares, para envio e troca com autoridades dos locais de sumiço, “com o objetivo de promover descobertas como a desta situação”.
A CEMDP comunicou que, após receber a notificação da EAAF, buscou e informou a família do músico, assegurando que permanece à disposição para oferecer apoio nos procedimentos e colaborar com os esforços de localização dos restos mortais do artista brasileiro, vítima da violência política de Estado na América Latina, Francisco Tenório Cerqueira Júnior.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.