Conselho Nacional de Justiça afirma que não há responsabilidade pelo aumento do BPC
Análise indica que a grande parte dos processos referentes ao BPC é negada e que as decisões judiciais atendem aos parâmetros legais.

O aumento nos gastos do governo federal com o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) não foi causado pela Justiça Federal, conforme aponta um estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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Conforme os dados do painel do Instituto Nacional do Seguro Social ( INSS ) no programa Justiça em Números, somente 23% das ações relacionadas ao BPC julgadas pela Justiça Federal em 2024 foram consideradas procedentes. A maior parte foi julgada improcedente (36%), extinta sem resolução de mérito (21%) ou resolvida por acordo (14%).
Os dados demonstram que o Judiciário não adota uma postura permissiva ou desordenada na concessão de benefícios.
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As decisões da Justiça Federal não estabelecem direitos nem alteram os critérios legais. O que existe é a aplicação da Constituição e das leis em vigor, com base nas provas dos autos e na dignidade humana. Mencionar uma “indústria de liminares” ignora a realidade apresentada pelas estatísticas oficiais.
O levantamento foi divulgado em meio às discussões sobre a necessidade de contenção de gastos públicos. Uma das medidas em análise pelo governo é justamente o controle da concessão judicial do BPC.
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De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), houve um aumento de 60% no número de concessões do benefício por decisão judicial entre abril de 2022 e abril de 2025. Paralelamente, as concessões realizadas pela via administrativa subiram 28,9% no mesmo período.
Apesar do aumento no volume de decisões judiciais, o CNJ destaca outro dado importante: o número de acordos celebrados entre o INSS e seus beneficiários apresentou crescimento significativo. Em 2020, foram homologados judicialmente 9.715 acordos. Em 2024, esse número subiu para 72.079, representando um aumento superior a sete vezes.
De acordo com o CNJ, os acordos correspondem a situações em que o INSS reconhece o direito do cidadão após o ajuizamento da ação, o que suscita dúvidas em relação à negativa inicial no âmbito administrativo.
O levantamento também indica que a porcentagem de decisões favoráveis ao segurado tem diminuído. Em 2020, 29% das ações foram julgadas procedentes. Em 2024, o índice caiu para 23%. Já as decisões improcedentes subiram de 31% para 36% no mesmo período.
Considerando o incremento das concessões do BPC, o CNJ e o Ministério da Fazenda estão preparando uma resolução para limitar a aprovação de novos benefícios por meio judicial. O documento se encontra em fase final de elaboração.
A iniciativa foi elaborada pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pelo Ministério da Fazenda em conjunto com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que também lidera o CNJ.
A equipe econômica atuou buscando uma solução para o aumento elevado dos novos benefícios.
De acordo com estimativas do Ministério da Fazenda, aproximadamente 25% a 30% das concessões do BPC são processadas judicialmente. Uma parcela do congelamento de R$ 31,3 bilhões no orçamento de 2025 decorre da pressão do aumento do benefício nos últimos anos.
Atualmente, o programa alcança aproximadamente 6,3 milhões de beneficiários, oferecendo a cada um deles um salário mínimo (R$ 1.518) mensalmente. Em comparação, o valor é superior ao dobro do Bolsa Família, que possui uma média de R$ 660 por família.
Em 2024, o governo investiu R$ 102,2 bilhões para atender à demanda. Em 2025, estima-se um valor superior, com o Orçamento federal prevendo R$ 112 bilhões para o BPC.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.