‘Congelamento do front’ e nova cúpula Putin-Trump: entenda as movimentações na guerra da Ucrânia
Rússia e EUA buscam nova cúpula entre líderes em país da UE após período de esfriamento nas negociações.
Proposta de Congelamento do Conflito entre Ucrânia e Rússia
Na última segunda-feira (20), o presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu o congelamento da linha de frente entre Ucrânia e Rússia, mantendo sua configuração atual, como uma forma de interromper a guerra. Embora a proposta não seja nova, ela surge em um momento em que o presidente russo, Vladimir Putin, se encontra em uma posição mais favorável nas negociações sobre o conflito.
Essa nova dinâmica está relacionada ao anúncio de uma futura reunião entre os presidentes da Rússia e dos EUA, que ocorrerá na Hungria, embora a data ainda não tenha sido definida. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que esteve em Washington na sexta-feira (17) buscando novos mísseis Tomahawk, foi surpreendido pela notícia do encontro entre Putin e Trump e retornou a Kiev sem os armamentos desejados.
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Análise da Situação Atual
O cientista político Oleg Ignatov, do International Crisis Group, afirma que não é correto dizer que Trump está mais alinhado com Zelensky ou Putin neste momento. No entanto, a retórica de Putin parece agradar mais ao presidente dos EUA, pois demonstra uma flexibilidade que se alinha com os interesses da Casa Branca.
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É importante lembrar que a última reunião entre Trump e Putin, realizada no Alasca, foi vista como uma vitória diplomática para o líder russo, que foi recebido com honras em solo americano, recuperando assim um protagonismo na arena internacional. Agora, Putin deve voltar a ser o centro das atenções em Budapeste, um país da União Europeia e membro da Otan.
Desafios nas Negociações
Ignatov observa que os europeus acreditam que podem convencer Trump a aumentar a pressão sobre a Rússia, mas isso apenas prolongaria a guerra, o que é um ponto de discórdia entre europeus, ucranianos e americanos. Os EUA desejam encerrar o conflito militar e evitar um envolvimento mais profundo com a Rússia.
Proposta de Congelamento da Linha de Frente
Após a reunião entre Trump e Zelensky, a repercussão nos bastidores trouxe novos elementos sobre as negociações. Trump inicialmente afirmou que o fim do conflito significaria perda de território para a Ucrânia, mas depois sugeriu que a guerra poderia terminar com o congelamento da linha de frente. Ignatov acredita que essa proposta apresenta desafios ainda não discutidos entre as partes.
A Rússia deseja a região de Donbass, enquanto a Ucrânia busca recuperar alguns territórios. A proposta de Trump de congelar a linha de frente levanta questões sobre a necessidade de uma zona desmilitarizada e o deslocamento de posições, o que exigiria concessões de ambos os lados.
Reação da Rússia
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, comentou a proposta de Trump, afirmando que ela contraria os interesses de Moscou em resolver as causas profundas do conflito. Lavrov enfatizou que é necessário negociar os termos de um acordo antes de implementar um cessar-fogo.
Ele argumentou que um cessar-fogo imediato significaria que a maior parte da Ucrânia permaneceria sob controle do que ele chamou de “regime nazista”. Moscou insiste que o fim da guerra deve abordar as causas profundas do conflito, que incluem demandas por mudanças no sistema político ucraniano e garantias para a população russa.
Impasses nas Negociações
Oleg Ignatov destaca que o impasse nas negociações se deve à disposição de Kiev em adotar um cessar-fogo sem fazer concessões a Moscou. A Rússia, com a vantagem no campo de batalha, busca impor suas condições antes de um acordo.
Ignatov conclui que a Ucrânia estaria disposta a terminar a guerra na linha de frente, mas sem promessas sobre o reconhecimento do idioma russo ou neutralidade em relação à Otan. Assim, a Ucrânia busca apoio ocidental em termos de inteligência, recursos financeiros e armamentos, enquanto evita compromissos com a Rússia.
Autor(a):
Júlia Mendes
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.