Conflito entre bolsonaristas: Castro e Bacellar se envolvem em disputa por destaque na gestão do Rio de Janeiro

Em mais uma etapa dessa disputa, o governador determina o fim das férias, impedindo a posse do presidente da Alesp.

15/07/2025 11:27

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Conflito entre bolsonaristas: Castro e Bacellar se envolvem em disputa por destaque na gestão do Rio de Janeiro
(Imagem de reprodução da internet).

O confronto entre o governador Cláudio Castro (PL – RJ) e Rodrigo Bacellar (União – RJ), presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), persiste. Na última sexta-feira (11), Castro determinou a suspensão das férias para evitar sua ausência e possibilitar a nova posse de Bacellar. Anteriormente, a substituição seria feita pelo vice-governador, Thiago Pampolha, que renunciou ao cargo para se tornar conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) em maio.

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A rivalidade entre os dois políticos de extrema-direita intensificou-se após a exoneração do então secretário de Transportes e presidente estadual do MDB Washington Reis. A demissão, praticada por Bacellar em 3 de julho, representou seu primeiro ato como governador em exercício. Ao retornar das férias, Castro ameaçou reverter a decisão, uma medida que contava com o apoio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mas recuou em nome do bom relacionamento com a Alerj. Em comunicado à imprensa, Castro afirmou que o presidente da Alerj foi “desrespeitoso” e que a decisão de demitir Reis já havia sido tomada antes da sua exoneração ser efetivada. Tanto Reis quanto Bacellar possuem ambições de concorrer ao governo do estado. Contudo, somente Bacellar anunciou sua pré-candidatura.

A advogada Priscila Sakalem substituiu os Reis, tendo atuado como assessoria do Gabinete do Governador. Sakalem já estava à frente do Grupo de Trabalho do processo de transição do sistema de trens metropolitanos para o futuro operador.

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Na Folha de S.Paulo, a cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart, considera que os episódios enfraquecem o governador e que a melhor estratégia política para Castro é obter uma vaga para concorrer ao Senado Federal, visando preservar seu foro privilegiado e evitar investigações. “Ele é o que chamamos na ciência política de ‘pato coçando cabeça’”, afirmou. Já o presidente da Alerj segue outro caminho. Político influente, Bacellar foi reeleito presidente da Casa sem votos contrários em fevereiro de 2025, um resultado inédito.

Bacellar atuou como secretário do governo Castro e contou com o apoio do governador ao ser eleito presidente da Alerj pela primeira vez em fevereiro de 2023. Essa eleição provocou uma divisão no PL, pois havia dois candidatos da sigla à presidência da Casa, mas Jair Bolsonaro, aliado de Bolsonaro, retirou sua candidatura nas vésperas da eleição. Desde então, conforme explica Goulart, o presidente da Alerj tem buscado maior protagonismo dentro do governo e na máquina do estado. Em 2024, ele deixou o PL e se filiou ao União.

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Em 14 de maio, Rodrigo Bacellar anunciou sua pré-candidatura à governadoria do estado pelo PL, e na semana seguinte, o então vice-governador, um dos indicados para disputar a Presidência da República, foi nomeado conselheiro no TCE.

O candidato da União disputará diretamente com o atual prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD-RJ), tendo a segurança pública como principal plataforma de ambos para a eleição. Apesar de serem candidaturas à direita, Goulart faz algumas diferenciações. “Paes é um político relativamente tradicional, que pensa em política pública para as diferentes áreas e articula isso a uma concepção mínima de desenvolvimento para o Estado ou para a cidade. No caso de Castro, Bacellar e dos políticos de extrema-direita de modo geral, eles têm um discurso para a segurança pública voltado para o punitivismo, sem que estes discursos sejam articulados a políticas públicas orientadas por um projeto de desenvolvimento maior. E isso faz com que, ao mesmo tempo, seus discursos sejam mais simples, e às vezes consigam até mais adesão popular, mas enquanto projeto são menos complexos”.

Fonte por: Brasil de Fato

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.