Compreenda a política tarifária de Trump em relação ao Brasil e seus efeitos na economia

Taxas tarifárias impostas por Trump podem gerar uma queda de bilhões de dólares nas exportações brasileiras.

10/07/2025 13:59

5 min de leitura

Compreenda a política tarifária de Trump em relação ao Brasil e seus efeitos na economia
(Imagem de reprodução da internet).

A aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode levar a uma redução acentuada nas exportações brasileiras.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os Estados Unidos representam o segundo destino mais relevante para as exportações brasileiras, sucedidos apenas pela China, sendo o petróleo o principal responsável pela contribuição das vendas para essa nação.

Adicionalmente, os Estados Unidos se destacam como um dos principais mercados consumidores de produtos brasileiros de maior valor agregado, incluindo aeronaves, automóveis e máquinas.

Leia também:

A aplicação de tarifas por Trump pode gerar uma queda de bilhões de dólares nas exportações brasileiras, sem levar em conta possíveis benefícios setoriais, segundo especialistas.

Segundo a análise do banco BTG Pactual, a taxa divulgada não será cumulativa em 25% sobre automóveis e peças, nem em 50% sobre aço e alumínio.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Produtos sob investigação da Seção 232, como semicondutores, minerais críticos e produtos farmacêuticos, permanecem isentos. O banco mencionou que a autorização também abrange petróleo e derivados.

A seguir, os valores de exportação do Brasil para os Estados Unidos em 2024.

Café

O Brasil, principal exportador mundial de café, possui os EUA como principal mercado consumidor do produto, com as vendas do ano passado atingendo quase US$2 bilhões. Essa quantia corresponde a 16,7% do total de exportações brasileiras.

A cafeicultura apresenta variação nas margens para o setor e aumento no preço do produto para os consumidores nos Estados Unidos, conforme apontado pela consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio.

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) acredita que o consumidor de café dos EUA sofrerá com uma taxa de 50%.

Carne

Os Estados Unidos representam a segunda maior demanda para a carne bovina brasileira. Em 2023, conforme informações da associação Abrafrigo, os EUA elevaram sua participação no volume exportado pelo país para 16,7%, correspondendo a 532.653 toneladas, e representando uma arrecadação de US$ 1.637 bilhões para exportadores brasileiros.

A Minerva projetou um impacto máximo de aproximadamente 5% em sua receita líquida, considerando os envios para o Brasil sob a nova política de Trump. Outras empresas do setor, como JBS e Marfrig, concentram grande parte de suas operações nos Estados Unidos.

Laranja

Nos negócios da safra 2024/25, finalizada em 30 de junho, os Estados Unidos absorveram 41,7% das exportações brasileiras de suco de laranja, totalizando US$ 1,31 bilhão em receita, segundo dados oficiais consolidados pela CitrusBR. A alíquota de 50% representa um acréscimo de 533% em relação aos US$ 415 por tonelada já aplicados ao produto nacional.

A CitrusBR declarou que a situação é insustentável para o setor, que não dispõe de capacidade para absorver tal impacto, ressaltando que outros importadores também não conseguiriam lidar com o volume de embarques não realizados aos Estados Unidos.

No suco de laranja, a consultoria Cogo prevê queda drástica na competitividade brasileira e risco à cadeia citrícola, que tem nos EUA o segundo principal destino.

Petróleo

As exportações brasileiras de petróleo para os EUA movimentaram US$ 5,8 bilhões em 2024, representando aproximadamente 13% de toda a commodity exportada pelo Brasil no ano passado, conforme dados do governo e da consultoria StoneX.

Mesmo com o petróleo incluído na tarifa de 50%, a perda seria relativamente “modesta” para o Brasil, conforme o BTG, já que o setor possui maior flexibilidade comercial e capacidade logística para redirecionar embarques para outros mercados.

Nos primeiros três meses do ano, os Estados Unidos representaram 4% das exportações de petróleo da Petrobras, em comparação com 9% no período anterior, de acordo com informações da companhia. Os cálculos indicam que a petroleira estatal viu os EUA como o segundo destino mais importante, com uma participação de 37%.

Veículos aéreos.

As exportações de aeronaves para os EUA, incluindo aviões, geraram para o país US$ 2,4 bilhões, correspondendo a aproximadamente 63% do total exportado pelo Brasil, segundo o BTG. A Embraer é uma empresa com maior exposição nessas exportações.

Lançamentos parciais de faturas de ferro e aço

Os produtos semiacabados de ferro ou aço tiveram exportações para os EUA no valor de US$ 2,8 bilhões, com a participação dos norte-americanos nas vendas ultrapassando 70%, conforme análise do BTG.

Materiais de construção

O Brasil exportou cerca de US$ 2,2 bilhões desses produtos para os Estados Unidos, que representam aproximadamente 58% do total.

Madeira

Os produtos de madeira totalizaram exportações de US$ 1,6 bilhão para os Estados Unidos em 2024, sendo que os norte-americanos representaram mais de 40% do volume exportado pelo Brasil.

Segundo a Cogo Inteligência em Agronegócio, os produtos florestais do Brasil representam casos de produtos que teriam sua competitividade perdida para nações como Canadá, Chile e União Europeia.

A Suzano, empresa de destaque no setor de celulose com aproximadamente 15% de suas receitas originárias dos Estados Unidos, pode ter desafios a curto prazo, contudo, a companhia se beneficia de custos reduzidos, capacidade de ajustar volumes e sua escala internacional, conforme apurado em relatório da Citi.

Máquinas e motores

A indústria de motores, máquinas e geradores exportou US$ 1,3 bilhão para os EUA no ano passado, representando mais de 60% de toda a pauta de exportações brasileira, conforme dados do BTG. A situação é desfavorável para a WEG brasileira, conforme avalia o UBS BB em comunicado.

Eletroeletrônicos

No setor de eletroeletrônicos, o Brasil registrou exportações de US$1,1 bilhão para os Estados Unidos no primeiro semestre do ano, sendo o mercado norte-americano o principal destino das exportações do setor, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Eletrônica e Eletrônica (Abinee).

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.