Como abordar a cultura como empreendimento, mantendo sua essência artística?
O sucesso de produções como o musical Matilda demonstra que o planejamento de longo prazo e a gestão eficiente impulsionam o setor cultural brasileiro.

O setor cultural brasileiro se depara com o desafio de conciliar a criatividade artística com a viabilidade financeira, demonstrando que produtores culturais conseguem unir essas duas dimensões sem afetar a qualidade das obras.
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Vinicius Munhoz, idealizador da VME, declara que um projeto cultural não se mantém apenas com a inspiração. Ele complementa que, “a sustentabilidade financeira, quando bem planejada, não apenas protege a essência criativa, mas a potencializa”.
Este modelo se confirma na produção do musical Matilda, que exigiu uma década de negociações. O processo compreendeu a liberação dos direitos internacionais, a definição da equipe criativa e a estruturação do patrocínio.
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O planejamento possibilita a liberdade artística.
O tempo de amadurecimento de projetos culturais é apontado como um dos fatores que possibilitam a liberdade de criação. Munhoz explica que as ideias precisam de tempo para se desenvolver. Concomitantemente, a estrutura de negócios deve ser construída para assegurar que a obra alcance o público com qualidade.
A resposta à pergunta “qual é o orçamento?” acompanha o processo criativo desde o início. Segundo Munhoz, essa restrição não reduz o potencial artístico, contanto que haja planejamento e tempo hábil para ajustes.
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A experiência do público se estende além do palco.
A perspectiva empresarial na cultura avalia cada fase da experiência do público. Do momento em que o espectador procura o teatro no aplicativo até o atendimento no bar, cada ponto de contato é analisado.
Para assegurar o controle dessa experiência, a VME também passou a atuar na gestão de equipamentos culturais. Essa expansão diversificou as fontes de receita e possibilitou maior previsibilidade para os projetos.
Apoio assegura qualidade técnica e impacto social.
As políticas públicas de incentivo, como a Lei Rouanet, desempenham um papel estratégico. Elas asseguram a sustentabilidade financeira de apresentações com grande demanda técnica e diversos profissionais participantes.
A produção de Matilda utilizou 263 profissionais diretamente e mais de 1.500 terceirizados. Uma parcela dos bilhetes foi oferecida a preços acessíveis ou distribuída gratuitamente, conforme a legislação.
Em um período de cinco meses de duração, mais de 40 mil indivíduos foram impactados por essa política de democratização do acesso, com muitas pessoas tendo seu primeiro contato com o teatro.
Indicadores avaliam impacto além da bilheteria.
A análise da experiência do público se estende além da taxa de ocupação da sala, sendo reunidos dados sobre satisfação, retorno de público e interação com os espetáculos.
Essas informações orientam decisões futuras e auxiliam na consolidação de um modelo cultural que une o retorno econômico ao impacto social.
A racionalidade sustenta o propósito artístico.
A união entre emoção e razão é considerada a base do empreendedorismo cultural. A decisão deve ser fundamentada em planejamento, sem renunciar ao propósito artístico.
Munhoz defende que o propósito é construir um legado de longo alcance. A iniciativa visa obter lucro, desenvolver o público e consolidar a cultura como um setor produtivo e agente de transformação da economia do Brasil.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.