Um especialista aponta que um modelo chinês obteve crescimento e liderança global por meio da combinação de educação rigorosa, planejamento estratégico …
Em 1995, o Produto Interno Bruto do Brasil era superior ao da China. O PIB brasileiro naquele ano era de 769 bilhões de dólares, enquanto o da China atingia 735 bilhões de dólares. Essa foi a última ocasião em que a economia nacional liderava.
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Desde então, a distância se ampliou rapidamente. Em 2024, a China registrou US$ 18,27 trilhões de PIB, após um crescimento de 5,4% no ano. Já o Brasil alcançou R$ 2,18 trilhões, com um crescimento de 3,4%.
Em um período de 30 anos, o Produto Interno Bruto chinês apresentou um crescimento de 2.485%, enquanto o brasileiro foi de 283%.
A transformação econômica da China iniciou-se ainda na década de 1980, com a consolidação de reformas lideradas por Deng Xiaoping. O país implementou um modelo de abertura progressiva com ênfase na industrialização, denominado “socialismo à chinesa”.
Durante as décadas de 1990, o país se consolidou como uma plataforma de produção em escala global. A implementação das Zonas Econômicas Especiais atraiu investimentos estrangeiros por meio de benefícios fiscais, normas aduaneiras flexíveis e facilitação da regulamentação.
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A adesão à Organização Mundial do Comércio, em 2001, representou outro avanço. O país adotou padrões internacionais de produção e qualidade, consolidando-se como um fornecedor de produtos com maior valor agregado.
Uma das evidências da estratégia de crescimento está na gestão da qualidade. Segundo Pierro, em 2000, a China possuía 25.657 certificações ISO 9001. Em 2022, esse número aumentou para 579.447. O crescimento foi de 2.258%.
No Brasil, houve um crescimento de 6.719 para 17.589 certificações, correspondendo a um aumento de 262%. A China apresentou um avanço dez vezes superior.
A implementação de planos quinquenais norteia o desenvolvimento do país. São metas estratégicas para cinco anos, com objetivos estabelecidos e acompanhados. Além disso, o governo chinês também trabalha com diretrizes para períodos de 15 anos, como o plano de crescimento sustentável até 2035.
Este tipo de planejamento assegura a permanência de políticas públicas, independentemente das alterações de cenário.
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O sistema educacional chinês se destaca por avaliações seletivas e elevado padrão de desempenho. Para progredir nos estudos, os estudantes passam por fases como o Xiaokao, o ZhÅngkao e, em seguida, o Gaokao – exame de admissão às universidades, reconhecido como um dos mais desafiadores globalmente.
A organização estruturada capacita-se para atuar em ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Segundo Pierro, a China forma aproximadamente 1,5 milhão de engenheiros por ano. Nos Estados Unidos, o número é de 250 mil. No Brasil, a formação é de 100 mil.
O país também ocupa a primeira posição na produção de doutores, com cerca de 50 mil formados anualmente, em comparação com 700 mil nos Estados Unidos e 15 mil no Brasil.
O desenvolvimento de soluções próprias expandiu-se. Atualmente, a China investe em áreas como exploração espacial, veículos elétricos, inteligência artificial, tecnologia de vigilância, varejo e internet.
De acordo com Pierro, “os chineses são tradicionalmente inovadores, tendo sido os criadores do papel, pó de tinta, bússola, porcelana, impressão, papel-moeda e até do macarrão”.
Com estrutura de produção consolidada e mão de obra qualificada, o país avança em produtos de alta complexidade.
O êxodo rural para as áreas urbanas foi impulsionado por um mercado de trabalho favorável. A China possui atualmente 19 cidades com mais de 5 milhões de habitantes. Sua população total é de 1,42 bilhão, em contraste com 220 milhões no Brasil.
O país, contudo, apresenta dificuldades internas. O envelhecimento da população impacta o sistema previdenciário. O Partido Comunista mantém influência social significativa. E conflitos comerciais com os Estados Unidos geram consequências em redes globais.
Para Pierro, existem três pilares que sustentam o progresso da China: cultura, processos e tecnologia.
Primeiramente, o investimento na formação das pessoas. Em seguida, a adoção de padrões de gestão e produtividade. Finalmente, o desenvolvimento de tecnologias para ampliar os resultados.
Com uma estrutura sólida, torna-se mais fácil desenvolver tecnologia para automatizar, dimensionar e impulsionar resultados positivos.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.