Comando Vermelho revela esquema de segurança para proteger Doca em operação da Polícia Civil do RJ

Documentos da Polícia Civil revelam esquema de segurança do Comando Vermelho para proteger Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, foragido e procurado.

31/10/2025 13:36

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Esquema de Segurança do Comando Vermelho para Proteger Doca

Conversas interceptadas e documentos obtidos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro revelam que o Comando Vermelho (CV) possui um esquema de segurança altamente organizado para proteger Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca”, considerado um dos principais líderes da facção.

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Essas informações foram fundamentais para a megaoperação “Contenção”, realizada na última terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha.

Doca está foragido e é procurado pela polícia, que oferece uma recompensa por informações que levem à sua captura. Um cartaz do programa de procurados, contendo sua imagem e dados, foi divulgado nesta semana, intensificando a busca pelo líder.

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Regras Internas e Segurança do Chefe

As investigações da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) e do setor de inteligência da Polícia Civil indicam que Doca vivia sob rígidas regras impostas pelos criminosos. Uma das normas proibia a entrada de homens armados na casa onde ele se escondia.

A segurança direta de Doca era responsabilidade de Samuca e Tizil, traficantes de confiança. O controle de acesso ao imóvel era supervisionado por Gardenal, gerente-geral do tráfico no Complexo da Penha, que também definia a escala dos seguranças e controlava quem podia entrar na residência.

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Em uma mensagem interceptada, ele reforça a ordem: “Rapizada pegar a visão 2 aqui, portão do pai. Ninguém entra armado aqui dentro da casa e ninguém entra sem autorização.”

Resultados da Operação Contenção

Durante uma coletiva de imprensa na sexta-feira (31), o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, apresentou o balanço da operação. No total, 117 suspeitos morreram durante os confrontos nos complexos do Alemão e da Penha, com 99 corpos já identificados.

Desses, 42 tinham mandados de prisão pendentes e 78 possuíam histórico criminal extenso.

Entre os mortos, 40 eram de fora do Rio de Janeiro, incluindo 13 do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro do Ceará, um da Paraíba, quatro de Goiás, um do Mato Grosso e três do Espírito Santo. O levantamento indica que o Rio abrigava lideranças criminosas de quatro das cinco regiões do país, evidenciando o alcance nacional do Comando Vermelho.

Movimentação e Logística da Facção

A investigação revela que os complexos do Alemão e da Penha funcionavam como centros de comando, treinamento e logística da facção. Nesses locais, criminosos recebiam instruções sobre armamento, uso de explosivos e táticas de combate.

O fluxo de caixa da facção movimentava cerca de 10 toneladas de drogas por mês, além da negociação de aproximadamente 50 fuzis mensalmente. As duas comunidades também atuavam como polos de distribuição para ao menos 24 comunidades do Rio, incluindo Rocinha, Maré, Jacarezinho, Lins e Salgueiro, em São Gonçalo.

Relatório da Polícia Civil e MPRJ

A Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) estão finalizando um relatório de inteligência com centenas de páginas, que detalha a estrutura hierárquica e o papel estratégico dos complexos da Penha e do Alemão dentro da facção.

Até o momento, 89 corpos foram liberados para os familiares, e as diligências continuam para identificar os demais.

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.