O Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio de Janeiro, completa 54 anos, destacando sua origem e evolução no crime organizado brasileiro.
O Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do Rio de Janeiro, completa 54 anos de existência. Fundado para combater a tortura e os maus-tratos a detentos, surgiu no Instituto Penal Cândido Mendes, em Ilha Grande, onde conviviam presos comuns e políticos durante a Ditadura Militar.
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A organização foi inicialmente chamada de “Falange Vermelha” e teve como um de seus fundadores William da Silva Lima, conhecido como “Professor”. Ele passou mais de 30 anos preso, tendo sido condenado a quase 100 anos por crimes como assaltos a banco e sequestros.
Na prisão, “Professor” atuou como representante dos detentos, comunicando-se oficialmente com as autoridades. Ele também é autor do livro “400×1: Uma história do Comando Vermelho”, onde relata a origem e a atuação da facção.
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As condições precárias no Instituto Penal Cândido Mendes, apelidado de “Caldeirão do Inferno”, levaram os presos a se organizarem para mudar sua situação. Em 1979, com a libertação dos presos políticos, a “Falange Vermelha” começou a se estruturar de novas maneiras.
O foco do grupo passou a ser as fugas de presídios e o tráfico de drogas, especialmente cocaína. Em 1980, ocorreram mais de cem fugas, impactando o setor bancário, já que muitos detentos eram assaltantes. Entre 1983 e 1986, o CV expandiu sua influência, dominando pontos de venda de drogas no Rio de Janeiro.
Em 1985, a facção controlava 70% dos pontos de venda, iniciando guerras territoriais por domínio.
Um dos episódios mais tensos do crime organizado ocorreu em 1994, quando “Orlando Jogador”, líder do CV no Complexo do Alemão, foi assassinado por “Uê” devido a desavenças pessoais. Após o crime, Uê fundou a facção rival ADA (Amigo dos Amigos).
Além da ADA, a milícia e o TCP (Terceiro Comando Puro) são considerados grandes inimigos do CV. Em um momento, o Comando Vermelho tentou uma aliança com o PCC (Primeiro Comando da Capital) para compartilhar rotas de tráfico, mas essa parceria se rompeu em 2016.
Hoje, o Comando Vermelho é a maior facção do Rio de Janeiro e a segunda do Brasil. A facção opera de forma semelhante a grupos mafiosos, dominando diversas atividades ilegais, com o tráfico de drogas sendo uma de suas principais fontes de renda.
O CV também diversificou suas fontes de armamento, utilizando não apenas armas importadas, mas também fabricando um arsenal no Brasil. Recentemente, a facção tem utilizado tecnologia avançada, como drones, em suas operações.
A atuação do Comando Vermelho não se limita ao Rio de Janeiro, tendo se expandido principalmente para o Norte e Nordeste do Brasil, estabelecendo relações estreitas com criminosos de outras regiões.
Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado em fevereiro de 2025, revelou que o tráfico de cocaína não é mais a atividade mais lucrativa para o crime organizado no Brasil. Atividades como a venda irregular de combustível, ouro, cigarro e álcool superaram o tráfico em rentabilidade.
A pesquisa indicou que facções como o PCC e o Comando Vermelho movimentaram R$ 146,8 bilhões em 2022 com a comercialização desses produtos, enquanto o tráfico de cocaína gerou cerca de R$ 15 bilhões no mesmo período.
Autor(a):
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.