Comando Vermelho completa 54 anos: da luta contra a tortura à dominação do tráfico no Brasil

O Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio de Janeiro, completa 54 anos, destacando sua origem e evolução no crime organizado brasileiro.

29/10/2025 10:15

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

História do Comando Vermelho

O Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do Rio de Janeiro, completa 54 anos de existência. Fundado para combater a tortura e os maus-tratos a detentos, surgiu no Instituto Penal Cândido Mendes, em Ilha Grande, onde conviviam presos comuns e políticos durante a Ditadura Militar.

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A organização foi inicialmente chamada de “Falange Vermelha” e teve como um de seus fundadores William da Silva Lima, conhecido como “Professor”. Ele passou mais de 30 anos preso, tendo sido condenado a quase 100 anos por crimes como assaltos a banco e sequestros.

Na prisão, “Professor” atuou como representante dos detentos, comunicando-se oficialmente com as autoridades. Ele também é autor do livro “400×1: Uma história do Comando Vermelho”, onde relata a origem e a atuação da facção.

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Condições e Expansão

As condições precárias no Instituto Penal Cândido Mendes, apelidado de “Caldeirão do Inferno”, levaram os presos a se organizarem para mudar sua situação. Em 1979, com a libertação dos presos políticos, a “Falange Vermelha” começou a se estruturar de novas maneiras.

O foco do grupo passou a ser as fugas de presídios e o tráfico de drogas, especialmente cocaína. Em 1980, ocorreram mais de cem fugas, impactando o setor bancário, já que muitos detentos eram assaltantes. Entre 1983 e 1986, o CV expandiu sua influência, dominando pontos de venda de drogas no Rio de Janeiro.

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Em 1985, a facção controlava 70% dos pontos de venda, iniciando guerras territoriais por domínio.

Conflitos e Rivalidades

Um dos episódios mais tensos do crime organizado ocorreu em 1994, quando “Orlando Jogador”, líder do CV no Complexo do Alemão, foi assassinado por “Uê” devido a desavenças pessoais. Após o crime, Uê fundou a facção rival ADA (Amigo dos Amigos).

Além da ADA, a milícia e o TCP (Terceiro Comando Puro) são considerados grandes inimigos do CV. Em um momento, o Comando Vermelho tentou uma aliança com o PCC (Primeiro Comando da Capital) para compartilhar rotas de tráfico, mas essa parceria se rompeu em 2016.

Atuação Atual do Comando Vermelho

Hoje, o Comando Vermelho é a maior facção do Rio de Janeiro e a segunda do Brasil. A facção opera de forma semelhante a grupos mafiosos, dominando diversas atividades ilegais, com o tráfico de drogas sendo uma de suas principais fontes de renda.

O CV também diversificou suas fontes de armamento, utilizando não apenas armas importadas, mas também fabricando um arsenal no Brasil. Recentemente, a facção tem utilizado tecnologia avançada, como drones, em suas operações.

A atuação do Comando Vermelho não se limita ao Rio de Janeiro, tendo se expandido principalmente para o Norte e Nordeste do Brasil, estabelecendo relações estreitas com criminosos de outras regiões.

Movimentação Financeira do Crime

Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado em fevereiro de 2025, revelou que o tráfico de cocaína não é mais a atividade mais lucrativa para o crime organizado no Brasil. Atividades como a venda irregular de combustível, ouro, cigarro e álcool superaram o tráfico em rentabilidade.

A pesquisa indicou que facções como o PCC e o Comando Vermelho movimentaram R$ 146,8 bilhões em 2022 com a comercialização desses produtos, enquanto o tráfico de cocaína gerou cerca de R$ 15 bilhões no mesmo período.

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.