Deixou o cargo estatal, inaugurou um ateliê de tatuagens e encontrou na música a vocação de cantor e compositor.
Originário de Brasília, o cantor e compositor Hodari quase seguiu o caminho de quem nasce na capital federal. Teve que ser “programado” para passar em um concurso público e assegurar a estabilidade familiar, um plano implementado por um curto período.
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Abandonou o serviço público e optou por fundar um estúdio de tatuagem. Entre uma tatuagem e outra, escrevia e registrava músicas. Na época, já havia transitado por várias bandas, com atuação na guitarra e no acordeão, sem grande dedicação ou futuro promissor.
No entanto, sua sensibilidade musical despertou interesse, e o álbum de estreia surgiu durante a pandemia. “Foi o instante em que pude me aprofundar em minha própria essência”, declarou, em entrevista à CartaCapital.
O álbum, com seu título e caráter fortemente autobiográfico, recebeu indicação ao Grammy Latino 2023 na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. Hodari, residente em São Paulo, dedicou-se integralmente à carreira musical.
O segundo álbum, recém-lançado, também tem seu nome, mas escrito de trás para frente: Iradoh. Ele considera forte a palavra “irado”, com um significado de ira e, ao mesmo tempo, de algo positivo. As canções do disco são de vivências e experiências.
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Deseja apresentar a identidade brasileira no álbum. É como quer ser visto como artista, com seu estilo, afirma. As dez faixas combinam sonoridades que unem pop com amapiano (gênero da África do Sul), rhythm and blues, MPB e house.
Essa diversidade decorre dos distintos locais que visitei. Considero a música como uma divindade suprema.
O Iradoh (Som Livre) também gerou um ótimo minidocumentário – disponível no canal da KondZilla – intitulado 3 Atos de Irmandade: a Música, o Crime e a Justiça.
O curta narra uma breve história que, segundo Hodari, revela o que ocorre com frequência em famílias da periferia brasileira quando seus membros seguem caminhos distintos. “O sistema, infelizmente, foi projetado para colocá-las em situações de vulnerabilidade.”
Acompanhe a entrevista com Hodari a CartaCapital.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.