A missão oficial do Senado em Washington já elabora, nos bastidores, um diagnóstico explícito: para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o fim do processo judicial contra Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal se tornou condição imprescindível para qualquer avanço na negociação sobre a tarifação de 50% imposta a produtos brasileiros.
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A demanda tem sido repetida por membros da equipe de “cláusula Bolsonaro”, representantes da Casa Branca, do Departamento de Comércio e até mesmo legisladores dos Estados Unidos. Os senadores afirmam que a linguagem comercial funciona como uma cortina de fumaça para o que realmente é uma ofensiva política com forte componente ideológico.
Uma delegação, composta por oito senadores de distintos partidos, viajou para Washington com o propósito de restabelecer relações diretas com o Congresso americano e amenizar os efeitos econômicos da situação. Contudo, os primeiros atos da agenda diplomática, iniciados no domingo, 28, foram considerados por parlamentares como “discussões difíceis e desequilibradas”.
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A taxa de 50%, divulgada por Trump em carta direcionada ao presidente Lula (PT), começará a valer na sexta-feira, 1º. Ela impacta diretamente produtos estratégicos da economia brasileira, incluindo carnes, café, suco de laranja e calçados. O republicano justificou a ação com base em “déficits comerciais insustentáveis” e “ataques à liberdade de expressão” no Brasil.
A carta de Trump e as discussões informais indicam que os Estados Unidos estão considerando o processo do ex-presidente Bolsonaro como um instrumento de troca. Representa uma interferência sem precedentes, declarou um senador da comitiva, em tom confidencial.
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Trump, pelas redes sociais e em comunicados públicos, declarou que o julgamento de Bolsonaro deve “cessar imediatamente”, considerando o processo como “caça às bruxas” e “vergonha internacional”.
Entre os senadores que participam da missão estão também figuras alinhadas ao bolsonarismo, como Marcos Pontes (PL-SP) e Tereza Cristina (PP-MS). Ainda assim, a avaliação é de que Trump tem subordinado temas econômicos à sua cruzada pessoal e política.
Na quarta-feira, 30, a equipe participará de um evento na Americas Society, seguido de uma entrevista coletiva na embaixada do Brasil. A intenção é divulgar informações econômicas que desafiem a versão da Casa Branca e obter apoio político para anular ou, pelo menos, amenizar a tarifa.
Fonte por: Carta Capital