Clarissa Forner critica ‘maior democracia’ e alerta para autoritarismo

Clarissa Forner destaca contradições de um país que se declara “a maior democracia do mundo”, alertando para a escalada autoritária.

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(Imagem de reprodução da internet).

A Democracia Estadunidense em Crise: Análise de Clarissa Forner

A democracia nos Estados Unidos encontra-se em um processo de deterioração, caracterizado por ataques à liberdade de expressão e medidas autoritárias implementadas pelo governo do ex-presidente Donald Trump. Essa avaliação é apresentada por Clarissa Forner, professora de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), em entrevista à programação do Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

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Ameaças à Liberdade de Expressão

Trump tem sido acusado de realizar ataques à mídia americana, incluindo processos judiciais contra jornais, a veto de concessões a emissoras com críticas ao governo e a suspensão de programas, como o de Jimmy Kimmel, após comentários desfavoráveis. Forner interpreta essa ação como um contraponto ao direito ao discurso e ao livre pronunciamento, sendo utilizada deliberadamente para combater possíveis opositores políticos.

<h3 id="contradições-históricas”>Contradições Históricas dos EUA

A professora ressalta que o país, que se apresenta como “a maior democracia do mundo”, historicamente convive com fortes contradições. Ela aponta que a história dos Estados Unidos é marcada por movimentos racistas, xenofóbicos e de exclusão, que foram cruciais para a construção de sua hegemonia, mas que não estão desvinculadas dessas tensões e contradições.

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Críticas ao Colégio Eleitoral

Forner critica o sistema eleitoral indireto dos EUA, explicando que a necessidade de explicar o colégio eleitoral para uma audiência brasileira demonstra sua complexidade e falta de lógica. A professora destaca que essa situação é um ponto de discordância e debate.

Sanções e Fricções Diplomáticas

A professora também avalia as recentes sanções do governo Trump contra o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e sua família, em retaliação ao programa Mais Médicos. Ela considera que essa medida, somada ao aumento das tarifas e às punições a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e às ameaças de representantes do governo, aprofunda as tensões que contribuem para o esgarçamento diplomático entre Brasil e Estados Unidos. Essa relação é considerada estruturalmente importante para ambos os países.

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Interferência e Criação de Crise

Forner alerta que a estratégia do governo Trump de criar uma “aparência de crise” para justificar medidas autoritárias, como o uso da Guarda Nacional, é preocupante. A professora enfatiza que o Brasil, como país soberano e politicamente autônomo, tem o direito de se defender de interferências externas.

Cenário Internacional e Ascensão da China

A professora projeta que a Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), prevista para a próxima semana, deve expor atritos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Trump. O Brasil certamente reafirmará sua perspectiva como país soberano, que rejeita qualquer forma de intervenção externa, o que pode gerar tensões a partir do discurso de Trump.

Forner também destaca o crescimento da influência chinesa, em contraste com o isolamento dos Estados Unidos. O governo Xi Jinping tem colocado a China em um papel de protagonismo, tanto do ponto de vista material quanto na construção de alianças. Esse aumento de protagonismo converge com o desengajamento estadunidense de instituições, especialmente sob a liderança de Trump.

Para ouvir e assistir: O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.

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