Citi não identifica impacto relevante em empresas de commodities com tarifas elevadas
Os Estados Unidos representam importantes produtores de petróleo e seus produtos, apresentando pouca dependência do comércio externo.

A avaliação de especialistas do Citi indica que o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a taxação de produtos brasileiros em 50% não terá impacto significativo nos resultados de empresas brasileiras cobertas pelo banco.
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Em relação à nossa cobertura de Commodities na América Latina, não prevemos impactos significativos, já que a maioria das empresas exporta apenas uma pequena parte de suas vendas para os EUA – ou sequer exporta –, sendo a principal exposição da Suzano.
Nos relatórios enviados aos clientes na quarta-feira, os analistas destacaram que a Suzano detém a maior participação em vendas para os Estados Unidos no universo de cobertura do Citi, em torno de 15%.
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Apesar de eventuais dificuldades no curto período, isso não deve representar um impacto significativo no médio e longo prazo.
O aumento do risco geopolítico pode gerar uma tendência de alta na taxa de câmbio. Anteriormente, o contrato futuro do dólar disparou após o anúncio, subindo 3%, para encerrar o dia com alta de 0,85%, a R$5,516.
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Se esse cenário se confirmar, o impacto pode ser positivo, uma vez que a maioria das empresas que cobrimos têm parte de seus custos denominados em reais. Contudo, ainda é cedo para avaliar qualquer efeito real nesse sentido, disseram.
Na indústria de petróleo e gás, a equipe do Citi ressaltou que os Estados Unidos são importantes produtores de petróleo e seus derivados, apresentando baixa dependência do comércio internacional.
De acordo com dados da AIE (Administração de Informações sobre Energia) dos EUA, o Brasil exporta aproximadamente 200 mil barris diários de petróleo bruto e seus derivados para os Estados Unidos, “um volume reduzido que poderia ser direcionado a outros mercados em um curto período”.
Na agricultura, Barra e sua equipe declararam que os Estados Unidos são importantes produtores e exportadores de produtos agrícolas como soja, milho e algodão, com pouca dependência das exportações brasileiras.
Adicionalmente, mencionaram que, apesar dos Estados Unidos serem grandes importadores de açúcar, a maior parte desse volume não se origina do Brasil, em virtude das cotas de exportação que restringem essa comercialização.
Os Estados Unidos são grandes produtores de etanol, porém importam volumes do Brasil em razão da menor pegada de carbono do produto brasileiro.
Dessa forma, mesmo com tarifas, os Estados Unidos podem prosseguir com a compra de etanol brasileiro. Caso contrário, o volume é limitado e pode ser direcionado para outros destinos.
Na mineração e na siderurgia, os analistas indicaram que o impacto da taxa de 50% proposta sobre produtos brasileiros parece ser restrito. No caso do aço, explicaram, as tarifas já são substituídas pela Seção 232, que já impõe alíquota de 50%.
A Gerdau não exporta do Brasil para os EUA, embora aproximadamente 50% do seu EBITDA seja proveniente de operações nos Estados Unidos, enquanto CSN e Usiminas já viram suas exportações caírem para patamares quase nulos após as tarifas implementadas e continuam negociando limites com o governo brasileiro.
A CBA, conforme a equipe do Citi, encontra-se em situação análoga, com exposição mínima ao mercado norte-americano, enquanto a Vale, cujas exportações aos EUA representam aproximadamente 3% da sua receita, pode realocar volumes para outras regiões.
Em geral, o setor já se adaptou às tarifas anteriores.
Na indústria de papel e celulose, a equipe do Citi ressaltou que a Klabin possui exposição restrita ao mercado dos EUA, representando aproximadamente 2% da receita em 2024, e os volumes podem ser realocados sem grandes consequências.
A Suzano, que exporta aproximadamente 15% da sua receita total para os Estados Unidos, pode ter dificuldades no curto prazo, porém se beneficia por estar no quadrilhar mais barato da indústria, com escala global e flexibilidade.
Em médio prazo, eles preveem que a Suzano desviar volumes para outras regiões, como a Europa, considerando que os Estados Unidos buscarão fornecedores alternativos com custos mais elevados.
Podem ocorrer alguns conflitos em um curto período, porém não prevemos impactos significativos nos alicerces da empresa.
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Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.