A ausência de planejamento financeiro é uma das principais razões para o encerramento de empresas no país. Uma pesquisa do Sebrae aponta que 48% das micro e pequenas empresas fecham devido a problemas relacionados ao controle do fluxo de caixa. De acordo com o IBGE, seis em cada dez negócios não persistem por mais de cinco anos.
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A situação presente acentua a complexidade do problema. No início de 2025, o Brasil contabilizava 7,2 milhões de empresas em atraso, o que representava 31,6% das organizações em operação. O setor de Comércio foi o segundo mais afetado, conforme estudo da FecomercioSP.
Maurício Galhardo, sócio da F360, plataforma de gestão financeira para franquias e redes de varejo, destaca que a ausência de organização nos números prejudica o trabalho do empreendedor. “Sem clareza sobre a situação financeira, o lojista toma decisões no escuro e pode comprometer o fluxo de caixa com erros que poderiam ser evitados”, declara.
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Galhardo identifica cinco armadilhas financeiras comuns que colocam em risco o desempenho das empresas do setor varejista.
Utilizar contas pessoais e da empresa de forma combinada.
Quando as despesas pessoais são incluídas no fluxo de caixa da empresa, a lucratividade do negócio se torna imprecisa. Gastos que não fazem parte das operações confundem os resultados e ocultam perdas.
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O proprietário arca com as despesas familiares diretamente da conta da loja. No final do mês, o resultado do negócio não demonstra o desempenho da empresa, exemplifica Galhardo.
Apenas confiar na intuição.
Muitos donos de lojas de varejo optam por decisões baseadas no instinto, sem respaldo em dados concretos. Essa atitude eleva o risco de falhas estratégicas.
Galhardo afirma que relatórios integrados de vendas, despesas e recebíveis possibilitam identificar produtos mais rentáveis, monitorar o fluxo de caixa e prever o faturamento com precisão.
Concentrar as decisões no proprietário.
Quando todas as questões financeiras são gerenciadas pelo proprietário, o tempo dedicado à estratégia do negócio se perde em atividades operacionais.
Galhardo menciona como exemplo o empresário que dedica horas a conciliar cartões e extratos. Com a automação desses processos, torna-se possível concentrar-se em negociações, treinamentos e expansão.
Evitar a partilha de responsabilidades.
A transferência total da gestão financeira para o contador gera falhas na informação. A ausência de uma definição clara de responsabilidades entre a equipe interna e a terceirizada pode levar a empresa a enfrentar dificuldades de recursos em momentos críticos.
O empresário deve monitorar a operação em tempo real. Caso contrário, identifica problemas como a falta de recursos para o pagamento de salários somente na última hora, afirma Galhardo.
Evitar o uso de tecnologia na administração.
A resistência à adoção de sistemas digitais mantém empresas vinculadas a controles manuais em planilhas ou anotações. Esse modelo é suscetível a erros e dificulta a análise estratégica.
Um erro em uma planilha pode induzir o gestor a uma falsa percepção sobre o lucro, gerando retiradas inadequadas ou investimentos sem fundamento sólido, segundo o especialista.
Fonte por: Carta Capital