Cidinha da Silva lança “Só bato em cachorro grande”, um guia de 81 lições inspiradas em Sueli Carneiro, com oficinas no Rio de Janeiro. Não perca!
Meu primeiro contato com a literatura de Cidinha da Silva foi através do livro “Parem de nos matar”, que ganhei autografado de um amigo querido, Fernando Assumpção. Ele me disse: “tem que conhecer e tem que ler”. Desde então, passei a acompanhar seu trabalho com entusiasmo.
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Um dos livros que mais me impactou foi “Um Exu em Nova York”, que me chamou a atenção pelo título e, ao final da leitura, precisei recuperar o fôlego devido à intensidade da obra.
Agora, aos 58 anos, Cidinha lança “Só bato em cachorro grande, do meu tamanho ou maior: 81 lições do Método Sueli Carneiro”, pela Editora Rosa dos Tempos. No Rio de Janeiro, a escritora realizará uma oficina de formação política na Casa das Pretas, no dia 05/11, e na Casa Amo Cordel, em parceria com a Revista Brejeiras e o Grupo de Leitura Trema, na quinta-feira (6), às 19h.
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Cidinha conheceu Sueli em 1988, durante uma sessão do Tribunal Winnie Mandela, coordenada pela filósofa. Com mais de trinta prêmios em sua carreira, incluindo os da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e da Biblioteca Nacional, Cidinha compartilha 39 anos de convivência com Sueli Carneiro, fundadora do Geledés.
Em um gesto generoso, a escritora sistematiza lições que toda mulher militante gostaria de ter aprendido. Após a leitura, percebi que gostaria de ter lido esse livro há décadas para evitar armadilhas. Ao mesmo tempo, me firmo na sabedoria de Neusa das Dores: “tudo tem um tempo”.
A escrita de Cidinha promove uma ética de quilombo que transcende o tempo.
Cidinha da Silva sempre atuou politicamente, desde a infância, quando era líder de turma e participava de discussões do PT. Ela ingressou no Geledés em 1991 e tornou-se presidenta em 2000, um sonho que se concretizou após desafios e apoio de Sueli.
Sua vontade de criar mundos por meio da palavra é o que move sua escrita.
O processo de produção do livro foi baseado em suas memórias pessoais, sem consultar cadernos ou outras pessoas. As dificuldades surgiram na hora de decidir o que incluir no texto, e suas leitoras e leitores críticos ajudaram nesse processo. O livro, ancorado em suas memórias, tem Sueli como centralidade.
Durante sua convivência com Sueli, Cidinha não percebeu a profundidade da construção de uma pedagogia orgânica de formação política. Com o tempo, ela entendeu a importância do aprendizado que teve. O encontro de gerações é um aspecto que a emociona, especialmente ao trabalhar com Neusa das Dores.
Valorizar os passos que vieram antes é essencial, pois a vida se torna mais fácil ao se beneficiar da experiência das mais velhas. Cidinha destaca duas lições importantes de Sueli: “não alimente ilusões” e “faça o que precisa ser feito”.
A ideia do Método Sueli Carneiro surgiu ao ler a biografia de Tim Maia, inspirando-se no “Método TM”. O Método SC é uma interpretação da forma peculiar de Sueli ensinar e orientar para a atuação política. Cidinha considera este livro como o mais importante de sua carreira até o momento.
Sobre a recepção do livro por Sueli, Cidinha relata três estágios: incentivo, cobrança e, finalmente, emoção ao folhear a obra. Sueli fez críticas sobre o que considerava que Cidinha não havia aprendido corretamente, refletindo sua aversão a cultos de personalidade.
Cidinha enfatiza a importância da honestidade e ética em sua relação com Sueli. Ao mencionar uma história sobre uma entrevista de emprego na ONU, ela reflete sobre a possibilidade de Sueli ter lido essa parte do livro, mas não ter comentado. Para jovens militantes, seu conselho é claro: “Leia meu livro e bora aprender com Sueli Carneiro”.
Seu sonho é dedicar mais tempo aos projetos de escrita, buscando sempre criar e compartilhar novos mundos por meio da literatura.
Autor(a):
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.