A exumação faz parte do processo de remoção da história soviética na Ucrânia; Moscou afirma que é “desumano”.
O prefeito da cidade ucraniana de Lviv, Andriy Sadovyi, propôs na última quarta-feira (16) a entrega de corpos de soldados soviéticos exumados à Rússia em troca de combatentes das Forças Armadas da Ucrânia capturados pelas tropas russas no contexto do conflito entre Moscou e Kiev.
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A proposta do prefeito surgiu após a finalização da exumação dos sepultamentos de soldados soviéticos falecidos na Segunda Guerra Mundial, que estavam enterrados na “Colina da Glória”, monumento histórico em homenagem aos soldados da União Soviética que participaram da libertação da cidade ucraniana em 1944.
Em 23 de abril, as autoridades locais iniciaram os trabalhos de exumação dos restos mortais de soldados soviéticos no local, em especial dos agentes da NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos – órgão precursor da KGB), Nikolai Kuznetsov e do major Stepan Putin. “A Colina da Glória, do período de ocupação soviética em Lviv, já não existe. Hoje foi concluída a exumação das tumbas”, declarou Andriy Sadovyi.
Foram encontrados 355 restos mortais. Todos eles, incluindo os agentes da NKVD (Órgão da polícia secreta da URSS) Kuznetsov e Putin, serão enterrados novamente no Cemitério Goloskovsky. Estamos prontos para trocar todos esses restos mortais por defensores ucranianos, escreveu o prefeito de Lviv no seu canal do Telegram.
A remoção dos restos mortais dos soldados soviéticos ocorreu após a destruição de monumentos e cercados dos túmulos do Exército Vermelho situados no âmbito do complexo memorial da Colina da Glória.
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O prefeito de Lviv havia declarado anteriormente que, após a exumação, todos os restos mortais dos soldados da URSS seriam enterrados no cemitério Goloskovsky da cidade ou entregues à Rússia em troca de soldados ucranianos vivos.
Este processo ocorre em um contexto mais amplo de apagamento histórico e demolição de monumentos ligados à história soviética na Ucrânia, que se iniciou em 2015, com a aprovação das leis “sobre a condenação dos regimes comunista e nazista”. Especificamente, essas medidas restringem a divulgação de símbolos soviéticos no país.
Ao comentar as medidas adotadas e propostas pelo prefeito de Lvov, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, considerou a remoção de soldados soviéticos como uma evidência de “desumanidade” e “cinismo” por parte de Kiev.
Atualmente, eles estão começando a ridicularizar a memória de seus antepassados com um cinismo e crueldade notáveis, o que representa uma evidência de sua natureza absolutamente anti-humana, declarou a representante da diplomacia russa.
Afinal, observamos como conduzem essa, como dizem, exumação. Seja com escavadeiras, seja com pás, de forma oculta, apenas para impossibilitar eventos memoriais, apenas para impedir que pessoas com coroas de flores, flores e poemas cheguem lá, apenas para demonstrar a este mesmo Ocidente sua essência leal, a dissociação da verdadeira memória histórica.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.