Chupeta para alívio do estresse: tendência com riscos e que não substitui tratamento psicológico

A recente mudança sugere um desejo de abandonar a fase adulta e os prejuízos orais decorrentes podem demandar intervenções prolongadas.

17/08/2025 10:53

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(Imagem de reprodução da internet).

É muito comum que crianças pequenas recorram ao uso da chupeta como forma de se acalmar. Mas o que acontece quando adultos começam a se valer do mesmo recurso?

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Jovens, principalmente na China e Coreia do Sul, têm utilizado acessórios infantis como estratégia para lidar com a ansiedade e o estresse, além de auxiliar na diminuição dos sintomas de abstinência após parar de fumar. Contudo, não há comprovação do efeito positivo dessa prática e ela pode provocar questões bucais.

Nostalgia ou desejo de retornar à infância?

Crianças pequenas utilizam a chupeta como forma de lidar com a ausência do peito materno, que representava uma ligação constante com a figura da mãe, fonte de alimento. Em adultos, isso pode significar a necessidade de recorrer a técnicas do passado para lidar com um problema presente. “Quando adultos usam símbolos tão ligados à primeira infância, como a chupeta, estamos observando um movimento de regressão. É uma tentativa de lidar com pressões emocionais por meio de comportamentos que remetem ao conforto e à segurança de fases mais iniciais da vida”, considera a psicóloga e psicanalista Fabiana Guntovitch.

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Para ela, além de uma forma de autorregular as emoções, o símbolo da chupeta pode representar uma comunicação de cansaço da vida adulta. O problema é que essa estratégia não aborda as causas da ansiedade. “Podendo gerar dependência psicológica e dificultar o desenvolvimento de recursos internos mais maduros”, afirma a psicóloga Maria Klein.

Geralmente, quando se necessita retornar à recursos da infância para lidar com uma situação na vida adulta, isso significa que é preciso construir formas novas de lidar com determinado desafio.

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Klein ressalta que tais atitudes se espalham na internet e são replicadas por curiosidade, sem consideração sobre suas consequências. “Essa dinâmica evidencia a relevância de promover a consciência emocional e o discernimento, para que as decisões não sejam ditadas apenas pela pressão social ou pelo imediatismo das redes sociais”, afirma a especialista.

Para ambas, existem outras maneiras de lidar com a ansiedade e as pressões da vida adulta, como a psicoterapia, que visa trabalhar na construção de novos recursos e meios de lidar com situações desafiadoras do cotidiano.

A saúde bucal enfrenta riscos adicionais.

Apesar da ausência de estudos científicos que evidenciem os efeitos do uso da chupeta em adultos, é reconhecido como um hábito prejudicial em qualquer fase da vida. “O bico modifica a posição de fechamento dos arcades, com os lábios vedados. O uso contínuo pode causar desalinhamento dentário, desconforto na articulação temporomandibular, além de reflexos na respiração e na estética do sorriso”, afirma a dentista Sandra Silvestre, conselheira do CFO (Conselho Federal de Odontologia), especialista em Ortodontia e mestre e doutora em Odontopediatria.

A especialista ressalta que esse tipo de prejuízo pode demandar tratamentos de longa duração, incluindo o uso de aparelhos ortodônticos. “Um risco que não vale a pena”, aponta a especialista, que ainda reforça como chupetas indicadas ao público adulto não possuem venda regulamentada no Brasil.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Lucas Almeida é o alívio cômico do jornal, transformando o cotidiano em crônicas hilárias e cheias de ironia. Com uma vasta experiência em stand-up comedy e redação humorística, ele garante boas risadas em meio às notícias.