Choro e pedido de desculpas: compreenda a acusação de xenofobia contra Bobadilla

O jogador de futebol paraguaio Damián Bobadilla, do São Paulo, teve indiciamento pela Polícia Civil de São Paulo por injúria racial com motivação xenófoba.

16/06/2025 7:03

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Choro e pedido de desculpas: compreenda a acusação de xenofobia contra Bobadilla
(Imagem de reprodução da internet).

O jogador paraguaio Damián Bobadilla , do São Paulo, foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por injúria racial com motivação xenófoba, após ocorrido durante a partida da Copa Libertadores contra o Talleres, da Argentina, em 27 de maio de 2025, no Morumbi.

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O caso provocou repercussão e investigações tanto no âmbito judicial brasileiro quanto na Conmebol.

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Após o segundo gol do São Paulo, Miguel Navarro, jogador venezolano de 26 anos do Talleres, foi observado chorando e confrontando pessoas. No término da partida, Navarro afirmou que Bobadilla o teria chamado de “venezuelano faminto”.

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O atleta manifestou sua frustração, alegando ter desejado abandonar o jogo, porém não havia mais substituições, e que “a justiça deve ser feita, isso não pode continuar acontecendo”. O técnico do Talleres, Mariano Levisman, também confirmou que o jogador foi vítima de xenofobia , e o capitão Augusto Schott chegou a mencionar racismo. Navarro ainda se pronunciou nas redes sociais, afirmando que buscaria “as últimas consequências diante do ato de xenofobia”.

Investigação policial e relato testemunhal.

A Polícia Civil de São Paulo, através da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), deu início à investigação, classificando o caso como injúria racial. O delegado Rodrigo Correa afirmou que a polícia esteve no Morumbi após a partida.

Bobadilla e São Paulo não contataram a polícia, e o delegado chegou a considerar que o jogador teria saído rapidamente do estádio para evitar uma prisão em flagrante.

Bobadilla solicitou o adiamento do seu depoimento, alegando conflitos com a seleção paraguaia e o São Paulo. Ele compareceu à oitiva em 11 de junho. Na sua declaração, Bobadilla negou ter proferido a frase “venezuelano morto de fome”, mas admitiu ter empregado a expressão “venezuelano de merd*”.

O jogador do São Paulo declarou que Navarro iniciou a conversa utilizando o termo “boludo” (idiota) e sofreu ofensas por parte de jogadores do Talleres. Bobadilla relatou ter ligado para Navarro, e que ambos se desculparam pelas ofensas trocadas.

Ele alegava que o choro de Navarro se devia à emoção causada pela derrota na partida. Contudo, Navarro, dois jogadores do Talleres e o árbitro da partida já haviam sido ouvidos pela polícia, e suas versões corroboravam a acusação de Navarro. O delegado Correa afirmou que, em sua opinião, Bobadilla é de fato o autor do crime.

Bobadilla é acusado de injúria racial devido a xenofobia contra Navarro.

Consequências legais e esportivas

O crime é considerado grave e irremediável. No Brasil, a injúria racial por motivo de procedência nacional (Lei nº 7.716/89, Art. 2º-A) prevê pena de reclusão de dois a cinco anos e multa. Se praticado em atividades esportivas, há o acréscimo de proibição de frequência a locais esportivos por três anos. O inquérito policial está em fase final e será encaminhado ao Poder Judiciário.

Caso Bobadilla: o que acontece com atleta após indiciamento por xenofobia

Paralelamente, a Conmebol iniciou uma investigação. O Código de Artigo Disciplinar da Conmebol prevê que um jogador que ofender a dignidade humana com base na origem possa ser suspenso por, no mínimo, dez partidas ou quatro meses.

Em caso de reincidência, a punição pode ser a proibição de exercer atividades relacionadas ao futebol por cinco anos. A Conmebol já aplicou uma suspensão de quatro meses por xenofobia em um caso anáem 2025.

Caso Bobadilla: o que dizem leis e o manual da Conmebol sobre xenofobia

O São Paulo, em nota oficial, reiterou seu compromisso com os princípios de respeito, igualdade e inclusão e repudia veementemente qualquer manifestação de discriminação, preconceito ou intolerância. O clube afirmou estar acompanhando a apuração dos fatos e oferecendo suporte institucional e medidas educativas ao atleta, destacando que Bobadilla não possuía histórico de conduta disciplinar negativa.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.