China lança porta-aviões inovador com sistema de lançamento de caças

Estados Unidos mantêm tecnologia exclusiva, sem igual em escala global.

27/09/2025 4:54

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(Imagem de reprodução da internet).

Novo Porta-Aviões da China Realiza Testes de Lançamento Bem-Sucedidos

O mais recente e avançado porta-aviões da China demonstrou sua capacidade de lançamento com três tipos de aeronaves, utilizando seu novo sistema de catapulta eletromagnética (EMALS) para a primeira vez, conforme divulgado pela mídia estatal chinesa. A revelação ocorreu em um marco tecnológico significativo para o país.

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As imagens, exibidas pela CCTV na segunda-feira (22), mostraram o caça furtivo J-35, o caça J-15T e a aeronave de alerta e controle KJ-600 decolando do porta-aviões Fujian, utilizando o sistema EMALS. A mídia estatal saudou os testes como uma “conquista” e um “marco” no avanço da transformação naval da China.

Comparação com os EUA

O único outro porta-aviões no mundo com o sistema EMALS é o USS Gerald R Ford, dos EUA, que já foi certificado para operações no convés de voo em 2022. Essa tecnologia coloca o Fujian em um patamar comparável ao dos EUA.

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Negociações Bilaterais em Curso

O desenvolvimento ocorre em meio a negociações entre um grupo de congressistas dos EUA e autoridades chinesas, visando fortalecer o intercâmbio bilateral, incluindo a comunicação militar. Essa é a primeira visita desse tipo à China em seis anos.

Testes bem-sucedidos no Fujian, que incluíram lançamento por catapulta e pouso com gancho de retenção, indicam que o navio pode estar a poucas semanas de entrar para a frota da Marinha do Exército de Libertação Popular (PLAN), segundo o analista Carl Schuster.

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Capacidades Aumentadas

O sistema EMALS permite que as aeronaves do porta-aviões decolem com cargas maiores de armas e combustível do que os porta-aviões mais antigos da China, o Shandong e o Liaoning, que utilizam rampas de decolagem. Isso possibilita que as aeronaves do Fujian atinjam alvos inimigos a distâncias maiores.

Analistas afirmam que a capacidade do Fujian de lançar aviões de guerra maiores, com cargas maiores de munição e a distâncias maiores, dará ao porta-aviões um alcance de combate superior aos seus predecessores na frota chinesa, proporcionando à Marinha do Exército de Libertação Popular (PLAN) a chamada capacidade de “águas azuis”.

Diferenças na Propulsão

Embora o sistema EMALS coloque o Fujian em pé de igualdade com o USS Gerald R Ford, os 10 porta-aviões mais antigos dos EUA, que utilizam catapultas movidas a vapor, o porta-aviões chinês não é movido a energia nuclear, como todos os porta-aviões dos EUA. A propulsão nuclear dá aos porta-aviões dos EUA a capacidade de permanecer no mar enquanto durarem os suprimentos da tripulação. O Fujian é movido por combustível convencional, o que significa que ele precisa fazer uma parada em porto ou ser abastecido por um navio-tanque no mar para reabastecer.

Preocupações com a Comunicação Militar

À medida que a China intensifica seu poder naval, também tem agido de forma mais assertiva em águas regionais, desde o Estreito de Taiwan até os mares da China Oriental e do Sul, recebendo críticas frequentes dos EUA, assim como de seus aliados regionais, como Japão e Filipinas. A comunicação militar é vista como crucial para evitar mal-entendidos e conflitos.

Na terça-feira (23), o deputado americano Adam Smith, principal democrata do Comitê de Serviços Armados da Câmara e líder da delegação em Pequim, afirmou que a relação militar entre os EUA e a China é de “preocupação especial”.

“A China é a força militar que mais cresce no mundo e também a potência nuclear que mais se expande. Os EUA possuem o maior exército do mundo e o maior arsenal nuclear. É perigoso não mantermos comunicações regulares sobre nossas capacidades e intenções, para que possamos nos entender e evitar que erros de cálculo e mal-entendidos causem problemas maiores”, disse Smith a repórteres em Pequim.

“Temos visto isso com nossos navios, nossos aviões, os navios deles, os aviões deles, chegando perigosamente perto uns dos outros. Precisamos ter uma conversa melhor para evitar esses conflitos,” disse ele, ao mesmo tempo em que pediu que os EUA e a China intensifiquem o diálogo sobre armas nucleares.

O rápido desenvolvimento da inteligência artificial, drones, cibersegurança e capacidades espaciais só agravou o risco de mal-entendidos, acrescentou ele.

Reuniões de Alto Nível

Um grupo bipartidário chegou a Pequim no domingo (21) e teve uma série de reuniões com autoridades chinesas, incluindo o premier Li Qiang, o ministro da Defesa Dong Jun e o vice-premier He Lifeng, que lidera as negociações comerciais com os EUA em nome da China.

Em sua reunião na segunda-feira, Smith disse a Dong que os EUA queriam abrir as linhas de comunicação com a China, especialmente em assuntos militares.

Dong pediu aos legisladores americanos que “removam fatores disruptivos e restritivos” e tomem medidas construtivas e pragmáticas para melhorar as relações militares entre os EUA e a China, segundo a mídia estatal chinesa.

A viagem ocorreu após uma ligação na sexta-feira (19) entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, e é a mais recente de uma série de interações de alto nível entre os dois países antes de uma possível cúpula entre seus líderes.

Após a ligação, Trump disse que se encontraria com Xi na cúpula da APEC, na Coreia do Sul, no próximo mês, e que visitaria a China no início do ano que vem. Os líderes também concordaram que Xi visitaria os Estados Unidos “no momento apropriado”, segundo Trump.

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.