China lança plano econômico que prioriza indústria, tecnologia e demanda interna

País se compromete a intensificar esforços para aumentar a demanda interna e aprimorar as condições de vida da população.

23/10/2025 13:36

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Partido Comunista da China Foca em Autossuficiência Tecnológica

A elite do Partido Comunista da China anunciou nesta quinta-feira (23) sua intenção de desenvolver um sistema industrial moderno e intensificar esforços para alcançar a autossuficiência tecnológica. Essas iniciativas são vistas como essenciais para fortalecer a posição do país na crescente rivalidade com os Estados Unidos.

O Comitê Central do Partido também se comprometeu a expandir a demanda interna e a melhorar as condições de vida da população. Essas metas, que são prioridades de longa data, foram deixadas em segundo plano nos últimos anos, enquanto a China priorizou a manufatura e o investimento, embora sem muitos detalhes sobre como serão implementadas.

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Reunião do Comitê Central e Mudanças na Liderança

Durante a reunião de quatro dias, que ocorreu a portas fechadas, os líderes do Partido revisaram os objetivos econômicos e outras políticas para os próximos cinco anos. Além disso, 11 membros foram substituídos, marcando a maior rotatividade de pessoal desde 2017, em meio a um contínuo combate à corrupção militar.

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A dependência da economia chinesa em relação às exportações, especialmente em um cenário de tensões comerciais com Washington, pode levar Pequim a buscar um equilíbrio mais eficaz nas políticas nos próximos anos, embora analistas acreditem que esses esforços serão lentos.

Desafios Econômicos e Políticas Futuras

Um comunicado da agência de notícias estatal Xinhua, após a plenária, delineou as prioridades da China para o próximo plano de desenvolvimento de cinco anos. Detalhes sobre as metas de crescimento anual serão revelados em uma reunião parlamentar em março.

O comunicado destacou a construção de “um sistema industrial moderno com manufatura avançada” e a aceleração da “autossuficiência científica e tecnológica”, priorizando o desenvolvimento de um “mercado interno forte”.

Impactos no Bem-Estar e na Economia

O crescimento econômico da China desacelerou para o nível mais baixo em um ano no terceiro trimestre, e o investimento teve seu primeiro declínio fora do período de Covid. A fragilidade da demanda interna deixou o país dependente de suas fábricas de exportação, mesmo diante das tarifas dos EUA.

O comunicado também menciona esforços para melhorar o bem-estar da população e o sistema de seguridade social, mas não detalha como esses objetivos serão alcançados ou de onde virão os recursos financeiros.

Expectativas e Desafios Futuros

As incertezas sobre o cronograma e o financiamento das políticas de médio e longo prazo aumentam as preocupações entre economistas e investidores sobre a capacidade do governo de reequilibrar uma economia em que o consumo das famílias está cerca de 20 pontos percentuais abaixo da média global do PIB.

Um dos pontos destacados foi o compromisso de “investir nas pessoas”, com a expectativa de que medidas sejam implementadas para proteger melhor os direitos e interesses da população, além de aprimorar o sistema de seguridade social.

Desafios na Indústria e Comércio Global

As políticas industriais da China resultaram em cadeias de suprimento sofisticadas, mas também geraram um excesso de capacidade, levando a pressões deflacionárias. Apesar disso, a liderança global em diversos setores confere a Pequim confiança em sua guerra comercial com os EUA, que enfrenta tarifas elevadas.

A China mantém um quase monopólio na produção de terras raras, essenciais para setores globais de defesa e semicondutores, além de ser líder na fabricação de automóveis e na produção de energia renovável, como painéis solares e turbinas eólicas.

O país também tem ambições em áreas como inteligência artificial, robótica e biotecnologia, que são consideradas “novas forças produtivas”.

Estudos indicam que minerais críticos podem elevar o PIB da China em R$ 243 bilhões até 2050.

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.